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Linguagista

Das borboletas às redes

Faltarão muitas dezenas

 

      Em Portugal, há 135 espécies de borboletas diurnas. O Público, que lembrou isto numa edição em Agosto, mencionava cinco espécies que andam por aí e desafiava-nos a encontrá-las (uma é muito comum, por exemplo, em Monsanto, aqui em Lisboa) e vejo que, das cinco, nem sequer uma está registada no dicionário da Porto Editora: borboleta-zebra (Iphiclides feisthamelii), borboleta-preta-zigzag (Hipparchia fidia), borboleta-maravilha (Colias croceus), borboleta-azul-celeste (Celastrina argiolus) e borboleta-do-medronheiro (Charaxes jasius). São espécimes desta última que volitam ali por Monsanto (e onde voltaram a pousar prostitutas). Foi naquele artigo que li que as borboletas se capturam com redes entomológicas. Termo antigo, apenas usado no Brasil, ao que suponho, para designar o mesmo era puçá. Nada disto os nossos dicionários registam.

 

[Texto 12 216]

Léxico: «pica | picanismo»

E essa vocação lusófona?

 

      «Conhecida como pica, picanismo ou alotriogeusia, a alotriofagia é um transtorno da ingestão e da conduta alimentar. O termo pica deriva da palavra em latim para o pássaro do hemisfério norte pega-rabuda (“pica-pica” ou “urraca”), conhecido por comer substâncias bizarras, sem nenhum valor nutritivo» («Transtorno da ingestão e da conduta alimentar», Thelma Regina Alexandre Sales, Diário de Caratinga, 17.10.2018).

      Pica e picanismo não se usam deste lado do Atlântico (mas vivem cá grávidas brasileiras), e a Porto Editora não os regista. Quanto aos outros dois, alotriofagia está no Dicionário da Língua Portuguesa e alotriogeusia está no Dicionário de Termos Médicos. Pior: não há remissões nos verbetes. Uma metade do dicionário está zangada com a outra metade.

 

[Texto 12 215]