Léxico: «vergê | marca de água»
Mal definidos
A palavra do dia, na Infopédia, é vergê: «diz-se de um tipo de papel com aparência artesanal, que apresenta marcas de água horizontais e verticais». Está errado: o papel vergê, que toda a gente conhece pelo menos dos convites de casamento e de alguns cartões-de-visita, tem uma textura avergoada, rugosa, não uma marca de água. Muito a propósito se diga que também a definição de marca de água naquele dicionário não é satisfatória: «desenho assinalado no papel por zonas deste com menor densidade (em notas de banco, acções, etc.)». Desenho? Consiste muitas vezes numa inscrição, nome ou marca, apenas: «“Encomendado pelo negociante de arte e editor Ambroise Vollard, Pablo Picasso fez cem gravuras entre 13 de setembro de 1930 e março de 1937, que entraram na história da arte sob o nome de Suite Vollard”, pode ler-se na página da exposição, que lembra que o conjunto surgiu “em 1939 em dois formatos diferentes, um grande (760 x 500 mm) em papel vitela assinado pelo artista com lápis vermelho ou preto, com 50 cópias por placa; e outro mais pequeno (445 x 340 mm) em papel vergê de Montval com a marca d’água ‘Vollard’ ou ‘Picasso’ em 250 cópias”» («Gravuras de Pablo Picasso inéditas em Portugal exibidas no Porto a partir de 30 de maio», Observador, 9.05.2019, 14h59).
[Texto 12 218]