Um pequeno imbróglio
«O Parlamento Europeu (PE) distinguiu este ano Ilham Tohti. O Prémio Sakharov é um economista chinês de etnia uigur que luta pelos direitos daquela minoria na China. [...] Os uigures são um povo turcomano e na maioria muçulmanos que vive na região de Xinjiang, na China, e que faz fronteira com a Mongólia e com uma série de ex-repúblicas soviéticas, incluindo o Cazaquistão e o Quirgistão. Há vários anos que os uigures se queixam de discriminação por parte do Governo chinês, nomeadamente a nível religioso» («Prémio Sakharov 2019 entregue a opositor ao regime chinês», Rádio Renascença, 24.10.2019, 10h54).
Os Uigures são um povo turcomeno ou turcomano — o dicionário da Porto Editora prefere defini-los como «povo de origem turcomena que habita no noroeste da China» (queriam escrever «Noroeste», mas está bem). Não são sinónimos, turcomeno e turcomano? Certo, certo é que turcomeno e turquemeno são sinónimos, e o dicionário da Porto Editora não regista o último. De turcomeno diz que é o «natural ou habitante do Turquemenistão; turquemenistanês», e de turcomano diz que é o «indivíduo pertencente aos Turcomanos (povo oriundo da Ásia central que a partir do século X se disseminou pelo continente asiático em sucessivas vagas migratórias, no sentido ocidental)».
«Os turcomenos estão espalhados por diferentes países da Ásia Central, Irão, Iraque, Paquistão, Cáucaso e Turquia, além de serem maioritários na república do Turcomenistão, cuja capital é Ashgabat e que integrou a URSS até 1991. Povo turcófono, a sua cultura e linguagem está ligada à cultura e linguagem turca, sendo também, por vezes, designados como turcomanos» («Turcomenos: uma etnia milenar e hospitaleira», Abel Coelho de Morais, Diário de Notícias, 26.11.2015, 00h06).
[Texto 12 237]