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Linguagista

X is the Herman Feshbach Professor

A quem interessar

 

   «Frank Wilczek is the Herman Feshbach Professor at the Massachusetts Institute of Technology (MIT), etc.» Isto traduz-se (e a tradutora acertou), é claro (mas não para toda a gente, pelos vistos, que errou em casos em tudo iguais), assim: «Frank Wilczek detém a cátedra Herman Feshbach do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), etc.» Alguém ficará agora a saber.

 

[Texto 12 279]

Léxico: «paradoxismo»

Bilingue. J’en peux plus!

 

      «“Notícias falsas” é um “paradoxismo que jamais podemos estar cómodos a utilizar”, disse ontem o ministro da Educação no relançamento do projecto Público na Escola, na redacção do jornal em Lisboa. O projecto que funcionou durante mais de duas décadas regressa com foco numa nova plataforma online. O director do jornal Manuel Carvalho abriu a sessão e felicitou a equipa e o arranque dos trabalhos “para finalmente começar a comunicar com as escolas”» («Público na Escola apresentado em Lisboa», Público, 6.11.2019, p. 21).

 

[Texto 12 278]

Léxico: «precificação»

Está quase lá

 

      «“A transição energética é irreversível. As empresas já investiram muito nisso e não há volta a dar. Talvez há 15 anos ainda alguém poderia questionar: ‘Será que é o caminho?’ Hoje ninguém no sector empresarial responsável pensa assim”, diz [a economista brasileira] Marina Grossi. Para se continuar neste caminho e minimizar as alterações climáticas, deve seguir-se a chamada “precificação do carbono”, avisa. “A ‘precificação’ é quando não há um preço correcto para coisas como o lançamento de CO2 [dióxido de carbono] ou ozono. Muitas vezes, esses serviços que a natureza presta ou que estamos a expelir do seu processo produtivo não têm preço.” E alerta: “Hoje até existe um estímulo para se lançar carbono porque não tem de se pagar se se polui mais”» («Marina Grossi. “A transição energética é irreversível. Não há volta a dar”», Teresa Sofia Serafim, Público, 11.11.2019, p. 34).

      Precificar já o dicionário da Porto Editora regista como brasileirismo (e desta vez — puxa! — não se engana): «colocar etiquetas de preço (em) através de etiquetadora». Mas atenção ao conceito.

 

[Texto 12 277]

Léxico: «alfinete-de-peito»

Preferem broches

 

      «De tempos a tempos, ela voltava-se para se olhar ao espelho, experimentando um alfinete-de-peito ou um pingente para avaliar o efeito» (Crime no Hotel Bertram, Agatha Christie. Tradução de Isabel Alves. Alfragide: Edições ASA II, 2017, p. 48). Temos de convidar Miss Marple para um chá e, como quem não quer a coisa, pedir-lhe se consegue encontrar algum alfinete-de-peito no dicionário da Porto Editora.

 

[Texto 12 276]

Léxico: «baleia-de-bico»

True or false

 

    «Um fóssil com seis milhões de anos de uma baleia-de-bico [Tusciziphius atlanticus], já extinta, encontrado nos Açores, pode a partir desta segunda-feira ser visitado no Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, na ilha do Faial. Na inauguração da exposição, organizada pelo Observatório do Mar dos Açores, integrada no Dia Internacional dos Museus e Centros de Ciência, estiveram presentes dois investigadores da equipa que estudou o fóssil – o paleontólogo João Muchagata Duarte e o biólogo Rui Prieto – e o armador Jorge Gonçalves, da embarcação de pesca “Manuel de Arriaga”, cuja tripulação o encontrou acidentalmente» («Fóssil com seis milhões de anos encontrado nos Açores», TSF, 11.11.2019, 18h38).

      O dicionário da Porto Editora não anda longe, pois já acolhe baleia-de-bico-de-true (Mesoplodon mirus).

 

[Texto 12 275]

Léxico: «uranífero»

Ah, esta, pois

 

   «O que é já garantido é a existência de uma petição contra a exploração de lítio no país, apadrinhada por associações ambientalistas como a Associação Ambiental em Zonas Uraníferas (AZU). O responsável António Minhoto diz estar em causa a destruição da paisagem e os seus recursos» («Do feldspato ao lítio. “Éramos um país tão pobre e agora somos o mais rico em termos minerais?”», Liliana Carona, Rádio Renascença, 7.11.2019, 11h56).

 

[Texto 12 274]

Léxico: «rancheiro»

Quem é que sabe?

 

      «Em 1950, o rancheiro Bob Norris tornou-se na estrela da marca de cigarros Marlboro, apesar de nunca ter fumado um cigarro na vida» («Marlboro Man que nunca fumou morreu aos 90 anos», Público, 11.11.2019, p. 5). Dos nossos dicionários, a propósito de rancheiro, uns falam da América do Norte e outros da América do Sul. O dicionário da Porto Editora define-o como o «dono de um rancho (fazenda norte-americana)». De certeza? E se for arrendado ou pertencer a um amigo rico que no-lo cedeu por comodato, já não somos rancheiros? E se apenas trabalharmos num rancho, também não somos rancheiros? Quem é que sabe, nós ou eles? É que os dicionários de língua inglesa dizem que rancher é «one who owns or works on a ranch».

 

[Texto 12 273]

Léxico: «planteamento»

Faltou esta

 

      Quando sugeri a dicionarização do termo traçagem — que podemos agora ver no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora —, devia ter mencionado também outro que anda habitualmente junto: planteamento. Nos cursos de Carpintaria, um dos módulos é sobre planteamento, traçagem e execução de mobiliário. Não, não é gralha nem é o castelhano planteamiento.

 

[Texto 12 272]

Léxico: «escrinheiro | lua velha | miola»

Basta ouvir

 

      «Em Vilar Seco [no concelho de Vimioso, distrito de Bragança], na aldeia do planalto mirandês, os habitantes são conhecidos como “escrinheiros” porque fazem escrinhos (cestos de [casca de] silva e palha centeia). Foi com eles que tentaram ir à Lua muito antes dos Estados Unidos, conta Ilídio Delgado» («Na terra de “escrinheiros” o fim de semana foi de São Martinho, castanha e jeropiga», Afonso de Sousa, TSF, 11.11.2019, 11h15). Escrinho está no dicionário da Porto Editora, que diz que se trata de regionalismo: «cesto onde se guarda ou leveda o pão». No portal da Câmara Municipal de Vimioso, lê-se Vilar Sêco. O vídeo de uma reportagem mostra-nos um artesão, um escrinheiro, Aníbal Delgado, que diz coisas interessantes. Sim, a matéria-prima dos escrinhos é casca de silva (que se deve colher, diz, na lua velha, ou seja, no quarto minguante — o que os dicionários ignoram) e palha centeia. Os caules das silvas, sem rebentos, são abertos em quatro, porque em dois, esclarece, não sai bem a miola ou medula — e miola é mais um termo que o dicionário da Porto Editora não regista.

 

[Texto 12 271]