Basta ouvir
«Em Vilar Seco [no concelho de Vimioso, distrito de Bragança], na aldeia do planalto mirandês, os habitantes são conhecidos como “escrinheiros” porque fazem escrinhos (cestos de [casca de] silva e palha centeia). Foi com eles que tentaram ir à Lua muito antes dos Estados Unidos, conta Ilídio Delgado» («Na terra de “escrinheiros” o fim de semana foi de São Martinho, castanha e jeropiga», Afonso de Sousa, TSF, 11.11.2019, 11h15). Escrinho está no dicionário da Porto Editora, que diz que se trata de regionalismo: «cesto onde se guarda ou leveda o pão». No portal da Câmara Municipal de Vimioso, lê-se Vilar Sêco. O vídeo de uma reportagem mostra-nos um artesão, um escrinheiro, Aníbal Delgado, que diz coisas interessantes. Sim, a matéria-prima dos escrinhos é casca de silva (que se deve colher, diz, na lua velha, ou seja, no quarto minguante — o que os dicionários ignoram) e palha centeia. Os caules das silvas, sem rebentos, são abertos em quatro, porque em dois, esclarece, não sai bem a miola ou medula — e miola é mais um termo que o dicionário da Porto Editora não regista.
[Texto 12 271]