Estão trocadas
«O Presidente da República foi o 19.º chefe de Estado convidado a participar na ilustre Academia Francesa nos 374 anos da sua história — e o segundo português, depois de Mário Soares —, e o seu contributo foi ajudar a reflectir sobre a definição da palavra “ville” (cidade). Foram várias as propostas que fez e foram aceites. [...] “Era uma definição muito material: um conjunto de edifícios, nomeadamente de habitação, cujos residentes não têm como função principal a agricultura, separados por ruas, aos quais correspondem uma unidade administrativa, geográfica, económica, etc.”, explicou o chefe de Estado aos jornalistas no final da sessão. Marcelo questionou as palavras “etc.”, “vasto” e “residente”, sugeriu que se introduzisse o conceito de metrópole e questionou a referência às actividades exercidas» («Marcelo ajudou a definir “ville” no dicionário de l’Académie», Leonete Botelho, Público, 15.11.2019, p. 10).
A meu ver, a definição de cidade no dicionário da Porto Editora começa logo mal, pois a primeira acepção remete para uma classificação mais legal do que real: «localidade de importância superior à vila, com determinadas infra-estruturas necessárias a essa condição». Isto tem muito que se lhe diga: basta ver que algumas localidades lutam por não serem cidades, como é o caso de Cascais ou de Sintra. Sintra, vila, por exemplo, engloba duas cidades, Agualva-Cacém e Queluz. O que faz sentido é pôr como primeira acepção aquela que figura agora como segunda: «meio geográfico e social caracterizado por uma forte concentração populacional que cria uma rede orgânica de troca de serviços (administrativos, comerciais, profissionais, educacionais e culturais); metrópole».
[Texto 12 309]