Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «dermocosmética»

Ficam a saber

 

      «Num pequeno laboratório que fica num anexo da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Helena Margarida Ribeiro mostra como se faz um creme. “Vamos fazer uma emulsão e agitá-la até ao seu total arrefecimento”, explica. A observá-la estão dois parceiros de marcas portuguesas – Sara Madureira da Edol e Pedro Boavida da Skinspiration –, com quem a investigadora, especialista em dermocosmética, tem colaborado na criação de cremes e loções» («Helena Margarida Ribeiro, a inventora dos cremes portugueses», Bárbara Wong, Público, 6.10.2017, 11h13).

 

[Texto 12 323]

Léxico: «muaxafa | carja | laringal»

E são importantes

 

      «O véu de mistério de que falámos atrás foi um pouco descerrado em 1948, quando o orientalista Stern, após laboriosos estudos, interpretou uma vintena de carjas românicas pertencentes a igual número de muaxafas hebraicas, compostas por poetas judeus da andaluzia desde fins do século XI até fins do século XIII» (Lições de Literatura Portuguesa: Época Medieval, Manuel Rodrigues Lapa. Coimbra: Coimbra Editora, 1977, p. 48). ‎

      Muaxafa é mesmo o aportuguesamento (provém de mwwaxaha ou muwashah), conforme escreveu Manuel de Paiva Boléo: «Quanto ao primeiro, parece que a forma mais aceitável seria aquela que acima uso por duas vezes, muaxafa, com a adaptação da fricativa laringal surda [h] em posição medial, num f, normal na generalidade dos arabismos (cf. A. Steiger, Contribución, 259 ss.; sobre a acentuação, cf. ibid., 92)» (Manuel de Paiva Boléo. Revista Portuguesa de Filologia, vol. 8. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Românicos, 1957, p. 389). Eis, então, três termos que o dicionário da Porto Editora não regista: muaxafa, carja, laringal.

 

[Texto 12 322]

Léxico: «mamograma»

Mas se é do dia-a-dia...

 

      «A universidade norte-americana está a desenvolver e testar um mamograma, realizado por uma máquina equipada com IA. A máquina não só realiza o exame como consegue, segundo a especialista, prever se a doença vai, ou não, surgir. [...] “É a saúde à distância de um clique.” Este médico garante que esse é o caminho para facilitar o acesso de todos à saúde» («Harvard desenvolve mamografia que prevê cancro», Liliana Monteiro, Rádio Renascença, 7.11.2019, 12h07).

      Na Porto Editora, acham que mamograma ainda é termo que se deve relegar para dicionários especializados. E finalmente lá começaram a usar o aportuguesamento «clique». Demorou, mas foi.

 

[Texto 12 321]

Léxico: «peste»

Melhorável, como tudo

 

      «Duas pessoas estão a ser tratadas na China por peste pneumónica, vulgarmente conhecida por “Peste Negra”. Segundo a CNN, é a segunda vez que a doença é detetada em território chinês, este ano. Em maio, um casal mongol morreu de peste bubónica, um dos três tipos de peste [peste pulmonar, peste septicémica e peste bubónica] causada pela bactéria Yersinia pestis. Os dois casos mais recentes estão a ser acompanhados em Chaoyang, um distrito de Pequim» («Uma doença da Idade Média? Detetados dois casos de peste negra na China», Rádio Renascença, 18.11.2019, 11h49, itálico meu).

      Peste no dicionário da Porto Editora: «MEDICINA doença infecciosa epidémica, endémica em algumas regiões da Ásia, onde deve ter tido a sua origem, produzida por uma bactéria bacilar e transmitida pela pulga-do-rato». Mais informação com poucos mais caracteres: «MEDICINA doença infecciosa epidémica, endémica em algumas regiões da Ásia, onde deve ter tido a sua origem, produzida por uma bactéria bacilar (Yersinia pestis) e transmitida pela pulga-do-rato (Xenopsylla cheopis)».

 

[Texto 12 320]

Léxico: «sinalefa»

Outra sinalefa reprovadora daqui

 

      «Uma vez que apareci no plenário sem gravata, António Guterres, da bancada do Governo, fez-me uma sinalefa reprovadora, notando a ausência da dita, o que me deixou, reconheço, muito embaraçado» («A era infantil», Sérgio Sousa Pinto, Expresso, 17.11.2019, 8h56).

      O dicionário da Porto Editora ignora esta acepção, tão conhecida, de sinalefa. Ironicamente, também lhe falta outra, e ambas o Aulete acolhe como lusismos: sinal gráfico ou ortográfico de marcação de textos e sinal ou gesto expressivo feito com os dedos ou com as mãos. É assim que se desfazem dicionários.

 

[Texto 12 319]

Léxico: «fitato»

Queremos os dois

 

   «Os produtos lácteos são uma das melhores fontes de cálcio biodisponível. Os outros alimentos com cálcio podem conter componentes quelantes, ou seja, que reduzem a absorção de cálcio, como, por exemplo, fitatos e oxalatos» («Mitos e verdades do leite», Sábado, 5.09.2019, p. 9).

      O dicionário da Porto Editora ainda chegou ao oxalato, mas já não teve genica para o fitato (ou ácido fítico). O antinutriente.

 

[Texto 12 317]

Léxico: «policladidos | platelminto»

Mais ausentes

 

      «A superfície rochosa das zonas entre marés, vista de longe, parece albergar somente dois ou três seres vivos. Só um olhar cuidadoso sobre as poças de água nas reentrâncias da rocha consegue detectar mais animais, geralmente invertebrados. Alguns são ainda pouco conhecidos para a própria ciência. É o caso dos policladidos — ou planárias marinhas, também conhecidas por vermes-achatados. [...] O termo “policladidos” refere-se à ordem Polycladida. Este grupo de invertebrados quase exclusivamente marinhos incluiu-se noutro conjunto mais lato conhecido por platelmintos, que também podem ser designados por planárias ou vermes-achatados. Existem cerca de 50 mil espécies destes seres, que tanto podem ser marinhos, de água doce, ou terrestres» («Planámos sobre as planárias-marinhas e aterrámos nas Avencas», André M. Nóbrega, Público, 28.10.2019, p. 32).

      O termo policladido não está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, e mesmo platelminto só o encontramos no Dicionário de Termos Médicos.

 

[Texto 12 316]