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Linguagista

Léxico: «perfusionista»

Até profissões

 

      «A operação começou às 16h00 e terminou às 22h00. “Estiveram três cirurgiões na mesa, que é o habitual. Esteve um instrumentista, uma anestesista, um perfusionista e três enfermeiros» («A máquina que limpa pulmões já funciona e salvou a vida a Maria», Ana Maia, Público, 8.11.2019, p. 18). Até os nomes de algumas profissões estão ausentes dos nossos dicionários. Impressionante!

 

[Texto 12 331]

Léxico: «monetarização»

Tudo à volta do dinheiro

 

      «Kaiser [Brittany Kaiser, a denunciante do escândalo Cambridge Analytica] notou que já há uma série de projetos apostados na monetarização da cedência de dados, que beneficiam toda uma indústria mas que não dão nada a quem produz, os utilizadores. Um dos exemplos é o browser Brave: o diretor executivo da empresa-mãe, Brendan Eich (o criador do JavaScript), explicou noutra conferência o modelo de negócio que defende para terminar com o “capitalismo tóxico de vigilância” da Google e do Facebook» («​Cinco ideias e inovações que aprendemos com a Web Summit», João Pedro Barros e Cristina Nascimento, Rádio Renascença, 7.11.2019, 20h49).

 

[Texto 12 330]

Léxico: «camalhão»

Isso e mais outras duas

 

      «Na observação efectuada, sobretudo nos concelhos de Beja, Serpa e Ferreira do Alentejo, a Zero e o MAV detectaram várias situações anómalas que se replicam de modo generalizado, destacando as técnicas aplicadas na instalação dos chamados camalhões que, para além de rasgarem o terreno em profundidade, são muitas vezes “orientados no sentido dos declives”» («Associações dizem que modelo agrícola em Alqueva está descontrolado», Carlos Dias, Público, 19.11.2019, p. 19).

      É a acepção mais comum de camalhão, que o dicionário da Porto Editora acolhe: «1. porção de terreno para sementeira, entre dois sulcos». Este dicionário acolhe ainda outra acepção: «2. popular pequena elevação isolada de terreno; combro». Só que faltam mais duas, que já Fr. Domingos Vieira registou: «A camada ou porção de terra que fica na estrada não calcada entre os cortes fundos, que abrem as rodas dos carros, etc., em tempo de chuva. — A camada de terra que orla a margem de um campo.» Imagino os termos da agricultura que faltam nos dicionários...

 

[Texto 12 329]

Léxico: «heliosfera | heliopausa»

Só visto

 

      «Graças à Voyager 2 foi possível determinar mais claramente o raio de influência do Sol — da heliosfera, uma espécie de bolha protetora de partículas e de campos magnéticos criada pelo nosso estrela, à heliopausa, o local onde o vento solar termina e o espaço interestelar começa» («Após 42 anos, Voyager 2 chegou aos confins do Sistema Solar. Foi há um ano», Carolina Rico, TSF, 5.11.2019, 10h52).

      É inacreditável: o dicionário da Porto Editora não acolhe nem heliosfera nem heliopausa. É mais espantosa a ausência do primeiro termo, decerto, mas não há desculpa para não registar os dois. No VOLP da Academia Brasileira de Letras estão ambos.

 

[Texto 12 328]

Léxico: «scaleup | startup»

Temos de dizer tudo

 

      «Também frisa que não houve uma redução no volume de negócios promovidos pelo Departamento de Comércio Internacional. Segundo números da agência, o investimento em empresas em fase de crescimento com sede no Reino Unido — as chamadas scale ups”, na gíria do sector — cresceu 61% entre 2017 e 2018» («Com o “Brexit” no horizonte, Reino Unido veio caçar startups a Lisboa», João Pedro Pereira, Público, 7.11.2019, p. 22).

      Então quem escreve startup não devia também escrever scaleup? Claro que sim, mas que querem?

 

 

[Texto 12 327]

Léxico: «colher | colhar»

Todas escorraçadas

 

      Vamos lá ver, Porto Editora: sabes, decerto, que aí perto da Rua da Restauração fica o Chafariz da Colher, na Rua de Miragaia. Ora, essa colher é o nome de um imposto, e tu não registas esta acepção: «No Porto, todo o pão que chegasse à cidade por via terrestre teria de ser descarregado nas fangas da cidade, onde os cobradores do bispo recebiam as colhares (ou colheres) que lhe pertenciam» (Introdução História da Agricultura em Portugal, António Henrique R. de Oliveira Marques. Lisboa: Edições Cosmos, 1968, p. 181). Escreve Fr. Domingos Vieira: «Imposto antigo sobre differentes generos, e principalmente sobre o sal. A quantidade designada por a palavra colher era variavel, sendo n’umas partes um selamim, n’outras uma fanga, n’outras 1/40 dos generos entrados.» Deixaram os dicionários quase no osso.

 

[Texto 12 325]

Léxico: «telemanutenção»

Como esquecemos esta?

 

      «De forma contínua, a cidade das unidades operacionais da Marinha tem sido adaptada às circunstâncias (por exemplo, é possível monitorizar os sistemas a bordo através da telemanutenção em terra). Mas há uma divisa que nunca muda: inscrita no brasão, em latim, diz que os navios colherão os seus frutos (“carpent tua poma naves”). “Vem desde a sua criação, guiando a acção discreta, mas determinante, das suas guarnições, fiéis à nobre missão de prestar apoio logístico às unidades navais”, invoca o comandante [Pedro Proença Mendes, da Base Naval de Lisboa]» («Uma cidade dentro de Almada: Alfeite faz 100 anos», Raquel Lito, Sábado, 21.07.2018, 15h00).

 

 

[Texto 12 324]