Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «comandamento»

Vejam lá isso

 

      Na CMTV, a propósito da tempestade Elsa, o comandante dos Bombeiros de Paço de Arcos, Joaquim Leonardo, fala do comandamento das operações. Pois, pois, vá lá dizer isso à Porto Editora, que desconhece a palavra. Sim, referia-se ao exercício da função de comando, mas acabo de comprovar que tem pelo menos outro sentido.

 

[Texto 12 514]

Léxico: «impor labéu»

Para ser mais útil

 

      Não é apenas num dicionário analógico que é adequado registar impor defeito/tacha/labéu. Esta, labéu, que ontem foi palavra do dia na Infopédia, merecia (mereciam os falantes) ser acrescentada com esta informação.

 

[Texto 12 512]

Léxico: «rondoniense | rondó»

Só se for da Bonónia

 

      «Heitor Márcio Schiave, mecânico de automóveis de 43 anos, natural de Porto Velho, a capital rondoniense, quis passar-se pela mãe, que, coitada, já chumbara três vezes no exame» («Finge que é a mãe em exame de condução», João Francisco Guerreiro, TSF, 19.12.2019, 7h19).

      O Brasil é pródigo nestes crimes patuscos. O nosso problema é outro: neste caso, a Porto Editora não acolhe o vocábulo rondoniense, e, já sabemos, há sempre leitores que ficam às aranhas. Regista, porém, bononiense — relativo ou pertencente a Bonónia, antiga cidade da Itália cispadana! (Pára em rondó, que está incompleto, diga-se.)

 

[Texto 12 511]

Incoerências nos jornais

De candeias às avessas

 

      «A diferença provoca chuvas e inundações em África e secas no Sudeste Asiático e na Austrália. É um fenómeno semelhante ao El Niño, que se verifica no oceano Pacífico» («A Austrália pode arder ainda mais com vaga de calor recorde», Clara Barata, Público, 19.12.2019, p. 48). «E concluem: “Com idades modeladas de 117 a 108 mil anos, a cama de ossos de Ngandong pode finalmente assumir a sua posição correcta na sequência biostratigráfica dos hominídeos das ilhas do Sudeste asiático.”» («Eis os mais recentes fósseis do Homo erectus», Andrea Cunha Freitas, Público, 19.12.2019, p. 31).

      Clara Barata e Andrea Cunha Freitas, juntem-se e resolvam este desaguisado doméstico. Não vos posso sugerir a Porto Editora como mediadora, porque se debate com o mesmo problema. 

[Texto 12 510]

Léxico: «craniótomo»

O que se extrai aqui?

 

      «O presépio está a ser feito pela própria comunidade. Alexandra Abreu, 43 anos, está empenhada em fazer 80 presépios. “É muita coisa, estamos a fazer as cabeças das imagens, a envernizar, comprámos as placas, as madeiras e com as sobras e uma broca craniana fazemos as figuras”, conta Alexandra, concluindo que a ideia nasceu assim simples e genuína para “fazer ver que o que importa são aquelas três figuras”» («O Natal em ​Santa Marinha é feito de presépios pendurados à porta», Liliana Carona, Rádio Renascença, 13.12.2019, 21h04).

      Quantas vezes leio «craneana»... Por isso, serra e broca craniana deviam estar nos dicionários. Craniana — por ser usada para fazer craniotomias, isto é, a abertura cirúrgica do crânio? A propósito, leiam como se define craniótomo no dicionário da Porto Editora: «CIRURGIA aparelho com que se faz a ressecção da cabeça do feto para facilitar a sua extracção, cefalótomo». Ora, a ressecção, na definição do mesmo dicionário, consiste na «operação cirúrgica para extrair um órgão ou parte dele». Que órgão ou parte dele se extrai num feto para facilitar a sua saída? Alguma coisa me está a escapar aqui?

 

[Texto 12 509]

Léxico: «dipolo»

Em nenhum

 

      «A Austrália está a ser atingida por dois fenómenos climáticos que estão a afectar as suas costas sul e ocidental. O primeiro é um dipolo do oceano Índico, na sua fase positiva, o que significa que as águas do mar estão mais quentes que o normal à superfície na zona ocidental deste oceano, e mais quentes na zona oriental» («A Austrália pode arder ainda mais com vaga de calor recorde», Clara Barata, Público, 19.12.2019, p. 48).

      Tanto quanto vejo, em nenhum dos nossos dicionários se regista este sentido de dipolo. Assim não vamos longe.

 

[Texto 12 508]

Léxico: «WLTP»

Não se percebe o critério

 

      «A nova regulamentação WLTP (Worldwide Harmonized Light Vehicles Test Procedure), que implica a adoção de novos métodos para reduzir a discrepância entre os consumos anunciados e os consumos reais dos automóveis, para além das alterações que está a provocar nas fábricas, poderá também provocar um agravamento no preço dos veículos» («Autoeuropa. Administração e trabalhadores já discutem remuneração ao domingo», Rádio Renascença, 28.06.2018, 18h28).

      Sendo já uma realidade do dia-a-dia noticioso, como é que a Porto Editora mantém a sigla relegada para a posição secundária, porque menos acessível, de um dicionário bilingue?

 

[Texto 12 507]