Explicando melhor...
Porto Editora, defines culaque/cúlaque como o «fazendeiro ou camponês proprietário de terras exploradas com recurso a trabalhadores assalariados», e dizes que isto se passou na «Rússia do final do século XIX e do início do século XX». É natural: tendo-se tornado proprietários, recorreram a mão-de-obra assalariada, pois, dada a dimensão das suas explorações, não conseguiam fazer todo o trabalho sozinhos. Omites, porém, o principal: o czar Alexandre II (1818–1881) viera no século XIX libertar os servos, camponeses legados ao seu senhor por um contrato que não lhes permitia sequer casar sem a sua autorização. A sua emancipação, em 1861, criou uma classe relativamente próspera de camponeses — os culaques. Após a Revolução de Outubro, os culaques opuseram-se, pudera, à colectivização da terra, lutaram por uma Ucrânia independente, mas em 1929 Estaline pôs em marcha a sua liquidação, que culminou no Holodomor.
Aproveitemos para lembrar outros russismos ou empréstimos da língua russa: apparatchik, astracã, balaclava, balalaica, barine, boiardo, bolchevique, colcoz (ou kolkhoz), copeque, cossaco, czar, czaréviche, czarevna, czarina, dacha, duma, escorbuto, estepe, glasnost, gulag, lapcha, matrioshka, mazute, menchevique, mujique, nomenclatura, parca, perestróica, pogrom, rileque, rublo, sajene, samoiedo, samovar, soviete, sucare, taiga, tarantasse, telega, terém, tróica, ucasse, verstá (ou verste), vodca, entre outros. Nem todos acolhidos pelo dicionário da Porto Editora.
[Texto 12 517]