O português das moções partidárias
Grau zero
Ouvi na rádio a notícia, mas o Rajah não parava de falar — «Senhor, conduzirr em Lisboa muto peligroso.» —, além de que este duplo erro na oralidade não se revelaria em toda a sua crueza: uma moção ao IX Congresso do Livre, assinada por cinco militantes, intitulada «Recuperar o LIVRE, resgatar a política», termina com este parágrafo antológico: «Hei-nos chegados a um ponto em que as causas defendidas pelo LIVRE parecem não conseguir sobrepor-se ao ruído constante provocado pelos faits divers mais estapafúrdios; em que o coletivo parece soçobrar numa desmedida exposição mediática do indivíduo; em que o partido se arrisca a ver a sua própria sobrevivência posta em causa. Assim sendo, no caso de a deputada não se dispuser [sic] a renunciar às suas funções, o LIVRE não tem outra alternativa a não ser retirar-lhe a confiança política.»
E pronto, é isto, chegámos ao grau zero da ortografia. Atingido este ponto, só podemos melhorar.
[Texto 12 624]