Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «descumprimento»

Não andas longe, Porto Editora

 

      «A gestão João Doria (PSDB) anunciou nesta terça (16) o cancelamento da polêmica compra dos respiradores chineses iniciada em abril, pelo valor R$550 milhões (depois repactuada para R$ 242 milhões), em razão do novo descumprimento do prazo de entrega dos equipamentos» («Gestão Doria cancela compra de respiradores após atrasos», Carolina Moraes e Rogério Pagnan, Folha de S. Paulo, 17.06.2020, p. B4).

 

[Texto 13 575]

Léxico: «tchekhoviano»

Anton, Porto Editora, então?

 

      «Tchekhoviana, [Tessa] Hadley mostra-se exímia em não-ditos, gestos mínimos, frustrações» («Tempo imóvel», Pedro Mexia, «Revista E»/Expresso, 16.05.2020, p. 62). Então, de Anton Tchéckhov, está certo: tchekhoviano. Ou será que preferes tchekoviano, Porto Editora, pois que nos textos de apoio optaste pela grafia Tchekov? Não estás sozinha, ainda que poucos o façam:  «Nos intervalos das filmagens vive-se numa atmosfera de hotel de termas, conversa-se na varanda, ouve-se música num velho gira-discos (ia a escrever grafonola, para ser mais tchekoviano), fazem-se surtidas à vila e, ao entrar nos cafés, todos nos olham e, às vezes, calam-se» (Vozes Uivando para a Lua Cheia, António Ferreira. Lisboa: Âncora Editora, 2006, p. 78).

 

[Texto 13 574]

Léxico: «juiz social»

Tens muitos, mas não este

 

      «É uma figura que já existe na lei desde 1968 e começou a ter mais expressão nos tribunais de família e menores com a entrada em vigor da Lei Tutelar Educativa e da Lei de Promoção e Proteção, que em 2001 determinaram a necessidade de intervenção nos processos dos juízes sociais. [...] A lei que regula o recrutamento estabelece como requisitos: saber ler e escrever, ter mais de 25 anos, sem antecedentes criminais e ter residência pessoal ou profissional no concelho. O mandato é de dois anos. São vários os tribunais de Norte a Sul do país onde estas pessoas desempenham funções» («Quer ser um juiz social? ​“Tem havido mais candidatos do que vagas”», Liliana Monteiro, Rádio Renascença, 17.06.2020, 7h45).

 

[Texto 13 573]

Léxico: «geónimo»

Ponham aqui os olhos

 

      «Adversária de nascença do vizinho Paquistão, ambos separados num dos processos mais trumáticos do século 20, a partilha da Índia Britânica em 1947, Nova Déli vê com preocupação o maciço investimento chinês para criar um corredor de exportação por meio do rival» («Conflito histórico entre China e Índia deixa dezenas de mortos», Igor Gielow, Folha de S. Paulo, 17.06.2020, p. A10).

      Realmente, Nova Déli é a grafia que devíamos, também nós, adoptar. Ah, e o jornalista escreve, ao contrário de muitos dos nossos, «maciço». Muito a propósito, Porto Editora, onde pára o vocábulo geónimo, que não o vejo dicionarizado?

 

[Texto 13 572]

Etimologia: «genocídio»

Isso é que era

 

      «Ferencz foi o primeiro a usar em tribunal o termo “genocídio”, inventado por Raphael Lemkin [1900-1959], um advogado polaco judeu. É uma contração da palavra grega ‘genus’ (espécie, raça, povo) e da latina ‘caedera’ (matar). Lemkin descreveu o conceito no seu livro “O Domínio do eixo na Europa Ocupada” (1948) como a “destruição de uma nação ou de um grupo étnico”» («“O pensar de Trump é o pensar de Hitler”», Colin van Heezik, tradução de Luís M. Faria, «Revista E»/Expresso, 16.05.2020, p. 52). Percebo, mas não se trata de uma contracção. Já o «caedera» é erro do tradutor, porque no original está, e bem, «cædere». Por outro lado, não devia esta informação etimológica estar em todos os dicionários?

 

[Texto 13 571]

Léxico: «intra-eclesial»

Agora no Togo

 

      «Uma maior solidariedade intra-eclesial poderá ser um dos efeitos “positivos” da pandemia de coronavírus. Pelo menos é o desejo do bispo de Kpalimé e presidente da Conferência Episcopal do Togo, Dom Benoît Alowonou, manifestado na entrevista à agência de imprensa da Recowa-Cerao» («Pandemia pode levar a maior solidariedade intra-eclesial, diz bispo do Togo», Vatican News/Jornal da Madeira, 1.05.2020).

 

[Texto 13 570]

Léxico: «sub-base»

Entretanto, no Bié

 

      «O encarregado de obras da Planasul, António Carlos, disse ao Jornal de Angola que os trabalhos, nesta fase, vão incidir-se apenas na terraplanagem e na colocação de uma sub-base. Posteriormente, avançou, serão feitas obras de asfaltagem, construção de bermas, viadutos, sinalização e pontes» («Reabilitação na via Cuito/Andulo retoma depois de longa paragem», José Chaves, Jornal de Angola, 16.06.2020, p. 27).

      Enquanto a Porto Editora dicionariza sub-base, José Chaves, no Andulo, aprende que a ligar palavras se usam hífenes. Logo, escreve-se «via Cuito-Andulo». Não tem de quê.

 

[Texto 13 569]

Léxico: «nocal | negrucha | ocal»

Mas os nossos?

 

      «Num terreno onde existia apenas um pequeno olival, plantaram 90 hectares de oliveiras (das variedades Cordovil, Picual, Cobrançosa, Arbequina e Frantoio) e 20 hectares de vinha, com castas escolhidas a dedo pelo patriarca da família com a ajuda do viticultor inglês David Booth. Entre elas, apostas já conhecidas da zona, mas também as Baga e Encruzado, menos prováveis» («​Mainova: nasceu uma nova marca de vinhos e azeites no Alto Alentejo», André Rosa, Evasões, 10.06.2020, p. 16). Não me importo muito que não estejam nos dicionários, são cultivares estrangeiras, embora usadas em Portugal. Pior é cultivares nossos, como nocal, negrucha, ocal, entre outros, não aparecerem nos nossos dicionários.

 

 

[Texto 13 568]

Léxico: «greco-melquita»

Sem paradeiro conhecido

 

      «O Papa Francisco autorizou a transferência de Dom Joseph Gébara da Eparquia de Nossa Senhora do Paraíso em São Paulo dos Greco-Melquitas à Arquieparquia de Petra e Filadélfia (Jordânia) dos Greco-Melquitas» («Papa transfere Dom Gébara à Arquieparquia de Petra e Filadélfia (Jordânia)», Vatican News, 20.02.2018, 11h16). Sem paradeiro conhecido: nos dicionários não consta.

 

[Texto 13 567]