Léxico: «crack»
Improvisados ou não
«O Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD) está a comprar milhares de kits de cachimbos para distribuir aos consumidores de crack, apurou o JN junto da direção do organismo do Ministério da Saúde. Os kits, gratuitos para utentes da substância estimulante ilícita altamente viciante que tem por base a cocaína, começam a ser entregues em julho. É uma medida inédita com esta dimensão» («Consumidores de droga fumada recebem do Estado milhares de cachimbos», José Miguel Gaspar, Jornal de Notícias, 21.06.2020, p. 4).
No limite, poderia tornar obsoleta uma parte da definição de crack do dicionário da Porto Editora: «narcótico produzido a partir da pasta-base da cocaína, bicarbonato de sódio e outras substâncias, apresentado em forma de pedras, que são fumadas em cachimbos improvisados». Melhor descrição é a que acompanha este artigo do JN: «O crack é a cocaína, um alcaloide estimulante, solidificada em cristais, parecida com açúcar mascavado rugoso. Resulta da conversão do cloridrato de cocaína em “base livre” após mistura com bicarbonato de sódio e água. É a 2.ª droga mais viciante (a 1.ª é a heroína).» E até o que se diz sobre a forma de fumar esta droga é claro: «A substância é fumada em cachimbo, com chama direta na substância, ou em papel prata.» Com todos estes elementos, a Porto Editora pode redigir uma melhor definição. Só não precisa de dizer que a dose de crack custa, numa rua do Porto ou de Lisboa, 5 euros, ao passo que o grama de cocaína custa 50 euros.
[Texto 13 595]