Fica provado que não
«Os camarões», afirma o Pingo Doce, «pertencem à espécie dos crustáceos e... têm o coração na cabeça. E sim, uma gamba é um camarão. É apenas outro nome pelo qual é conhecido este simpático crustáceo.» A Porto Editora parece concordar, pois no verbete de gamba lê-se que é a «designação comum, extensiva a diferentes espécies de camarão graúdo utilizadas na alimentação». Será mesmo?
«Dentro dos crustáceos, há contudo várias celeumas universais que animam bólogos, gastrónomos e fóruns de internet. Por exemplo, o que distingue o camarão da gamba? A cultura popular diz-nos que a gamba é maior do que o camarão, mas não é bem assim. Algumas variedades de camarão podem ser maiores do que as de gambas. As diferenças estão sobretudo nas pernas e no exoesqueleto: nos camarões, as pinças maiores são as frontais, nas gambas as pernas maiores são o segundo par; de resto, os camarões têm só duas pernas com garras, enquanto as gambas têm três. Ainda assim, a distinção mais notória está nos segmentos da casca, que nas gambas não se encaixam. Esta característica é, porventura, a mais visível, uma vez que por causa dela as gambas são mais retilíneas, encaracolam-se menos» («O mundo fascinante dos mariscos», Ricardo Dias Felner, «Revista E»/Expresso, 15.08.2020, p. 24).
Se não encontrarmos rigor nos dicionários, onde o vamos encontrar? Para onde nos viramos se o máximo a que se chega é ao assim-assim?
[Texto 13 919]