Esclarecer, mas não empatar
«D. João II, como vimos, inicia a missionação do povo conguês e procura realizar a assimilação deste pelo trabalho de missionários e de colonos, que seguem para o Congo na armada de Rui de Sousa» (A Acção dos Portugueses no Antigo Reino do Congo (1482-1543), Carlos Alberto Garcia. Lisboa: Agência-Geral do Ultramar, 1968, p. 85).
Quem é que, hoje em dia, usa o termo conguês? Contudo, é, de longe, preferível a congolês, adaptação desnecessária do francês congolais, e o único usado até meados do século XX. Ainda que os dicionários sejam repositórios dos vocábulos que se usaram (cada vez fazem menos isto, erradamente) e dos que se usam (mas sempre com muita resistência), quer sejam de aceitar, quer não, também se impõe esclarecerem o falante. Só não devemos querer impor à viva força modos de dizer que não pegaram, que estão esquecidos, ultrapassados, por muito correctos que sejam. A este propósito, vem-me sempre à mente o caso de Pompeia, que é forma inexacta de Pompeios. O uso manda muito.
[Texto 13 953]