Onde pára?
«Quem nunca “queimou” um sinal vermelho que atire a primeira pedra. Por vezes, o amarelo transforma-se, subitamente, em “tinto” e já não há forma de evitar a infração. Uma ilegalidade muito frequente pelos condutores, é certo, mas que, segundo o Código da Estrada, constitui uma contraordenação muito grave» («Sabe quantos pontos pode perder por “queimar” um sinal vermelho?», Jorge Flores, Motor 24, 15.09.2020).
As aspas são o grande amparo dos jornalistas. Mas também, diga-se, aqui nem nos dicionários encontram esse amparo. O dicionário da Porto Editora acolhe três sentidos figurados de queimar, que também encontramos, como seria de prever, na literatura: «[...] ver o fecho eléctrico abrir-se com dois estalos e dois sinais de luzes, ver a porta automática subir devagarinho e, logo na rua, acelerar o mais depressa possível, queimando semáforos, na direcção da auto-estrada, sem ligar aos painéis que indicam as cidades e a distância em quilómetros» (Segundo Livro de Crónicas, António Lobo Antunes. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2012, p. 41).
[Texto 13 975]