Então não se sabe?!
«É esse mundo antigo que o passeio de Valada nos mostra quando, tal selva da Amazónia, ancoramos junto à aldeia avieira da Palhota, por entre uma vegetação quase virgem. É aqui que parece estarmos numa aventura do Indiana Jones» (100 Lugares para Conhecer Portugal com as Suas Crianças, Paulo Nogueira. Alfragide: Oficina do Livro, 2019).
Exactamente: aldeia avieira. No Portugal em Directo da passada sexta-feira, passou uma pequena reportagem sobre as comunidades avieiras. Falaram com avieiros, mostraram imagens antigas — e usaram, naturalmente, o termo como adjectivo, «casa avieira», «aldeias avieiras». É por isso estranho que no dicionário da Porto Editora apareça apenas como substantivo: «pescador das praias do rio Lis, que, no Inverno, vai pescar no rio Tejo». Afirmam ainda que é regionalismo de origem obscura. Devem estar a brincar. Os avieiros eram pescadores que vinham todos os anos, nos períodos mortos da xávega, da praia de Vieira de Leiria trabalhar na pesca do sável e nas diversas fainas do Tejo. O avieiro vivia no seu barco — o saveiro, barco que tinha entre 6 e 8 metros. Quando não estavam nos seus barcos, os avieiros estavam nas palafitas, que de quando em quando eram destruídas por funcionários do Estado. Mais uma obra meritória de Salazar, não é?
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