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Linguagista

Léxico: «exotização»

Ao contrário

 

      «Há cerca de 15 anos, sentia pouca sinceridade na celebração multicultural em Portugal e o que via era a fetichização do corpo negro e uma exotização da música de raízes africanas como algo exterior. E agora?» («​“Esta transformação vai trazer uma mudança de pele”», Mário Lopes, Público, 14.07.2020, p. 32).

      Muito ao contrário do que eu supunha, o dicionário da Porto Editora regista fetichização, mas não exotização.

 

[Texto 14 257]

Léxico: «racializante»

À volta do mesmo

 

      «Uma reflexão histórica crítica sobre o colonialismo e as ideologias que o sustentaram é fundamental para compreender hoje as políticas racializantes da beleza» («“Into the White”. O mercado do branqueamento da pele em Lisboa», Chiara Pussetti e Isabel Pires, «P2»/Público, 21.06.2020, p. 17).

 

[Texto 14 256]

Léxico: «aclaramento | tonalização»

Tomai lá estas duas

 

      «O aclaramento, muitas vezes definido como “tonalização” da pele, não é, para elas, apenas uma questão estética, mas uma forma de aumentar a mobilidade profissional, o sucesso no encontro de parceiros e de obter mais aprovação social» («“Into the White”. O mercado do branqueamento da pele em Lisboa», Chiara Pussetti e Isabel Pires, «P2»/Público, 21.06.2020, p. 17).

[Texto 14 255]

Léxico: «Listrão | Caracol»

São castas, senhores

 

      «Referimo-nos ao Terrantez, Verdelho, Malvasia (em várias versões) e Sercial. Há já muitos anos que outras se eclipsaram da ilha [da Madeira], como a Moscatel, Listrão e Bastardo, hoje existentes em quantidades microscópicas» («Verdelho de cheiro a mar», João Paulo Martins, «Revista E»/Expresso, 6.06.2020, p. 84).

      Para o dicionário da Porto Editora, é apenas «listra grande; listão». Mas não, também é o nome de uma casta. Na Madeira, há uma casta de nome Caracol, que também é desconhecida do dicionário da Porto Editora.

 

[Texto 14 254]

Léxico: «consensualismo»

Como falta este

 

      «E tem, a meio caminho, “Com os Holandeses”, de Rentes de Carvalho, que elogiou a organização, a parcimónia e a honestidade dos seus semicompatriotas, e aborreceu o consensualismo, a avareza, a hipocrisia» («Os holandeses», Pedro Mexia, «Revista E»/Expresso, 1.08.2020, p. 54). «A palavra pesquisada não foi encontrada neste dicionário.»

 

[Texto 14 253]

Léxico: «atleticismo»

Não queria

 

      «Destacaram não só a técnica impressionante de Marcelino Sambé como também o seu virtuosismo, o atleticismo exuberante ou os saltos e piruetas que desafiavam a física» («“Ainda tenho muitas ambições”», Paulo Anunciação, «Revista E»/Expresso, 1.08.2020, p. 48). «Queria pesquisar atletismo, pateticismo?» Pois, mas encontramo-lo no VOLP da Academia Brasileira de Letras.

 

[Texto 14 252]

Léxico: «chorão-das-areias | figo-da-rocha»

Outros nomes comuns

 

      «A paisagem “muda muito” ao longo do caminho, mas, à excepção de algum chorão-das-areias, planta invasora oriunda da África do Sul, a vegetação mantém-se “muito preservada”, com cerca de mil espécies identificadas e vários endemismos, embora Carla [Conceição, proprietária da Walkin’ Sagres] evite lançar um número, já que alguns casos são contestados por diferentes botânicos» («Em Sagres, tudo é mais agreste, natural, verdadeiro», Mara Gonçalves, «Fugas»/Público, 8.08.2020, p. 4).

      Está no dicionário da Porto Editora, mas com o nome chorão-das-praias, onde, porém, não se diz que se trata de uma espécie exótica considerada invasora (Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de Julho).

 

[Texto 14 251]

Léxico: «ora essa»

Ora, ora...

 

      O nosso leitor R. A. estava ontem, imagino que de pantufas e sem máscara, a assistir a qualquer programa na RTP3 e viu isto: a locutora agradeceu ao entrevistado e este respondeu, como tantas vezes ouvimos, com duas palavrinhas: «Ora essa.» O nosso leitor foi logo, prestes, como eu próprio faria, ver se o dicionário da Porto Editora registava esta locução. Ao lado: ora essa!, «exclamação que exprime admiração ou espanto».

 

[Texto 14 250]

Plural de «rol»

Eu roo, tu róis

 

      «Os róis eram muito restritos, não conseguindo, de forma alguma, remediar todas as situações de penúria. Por isso eram disputados» (Protecção Social em Portugal na Idade Moderna, Maria Antónia Lopes. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010, p. 64).

      Porto Editora, se em rol não indicas o plural, róis, como queres que o falante não erre? Sobretudo nos tempos que correm, só as máscaras já lhes dão muito que fazer. Agora, até aqui no prédio andam de máscara, os cordeirinhos ignorantes!

 

[Texto 14 249]