Simplesmente enganador
«O louvor chegou de uma figura de peso entre a comunidade científica. Owen, fundador do Museu de História Natural, em Londres, merecia estatuto semelhante ao do naturalista Charles Darwin. A Richard Owen é atribuído o batismo das criaturas do passado reveladas nos ossos fossilizados descobertos no Sul de Inglaterra. Owen designou-os de dinossauros, aludindo ao termo grego deinos sauros, o “lagarto terrível”» («Jeanne Villepreux-Power, a costureira do século XIX que inventou o moderno aquário», Diário de Notícias, 31.05.2021, p. 14).
«Do grego deinós, “terrível” + saũros, “lagarto”», lê-se na nota etimológica do respectivo verbete no dicionário da Porto Editora. Assim, até parece que foram dois portugueses, o Sr. Dici e o Sr. Onário (aproveitando uma boleia no jacto do primo deste, Onassis), que foram buscar à Grécia as duas palavras. Então, se fosse dessa maneira, porque não trariam uma só palavra, δεινόσαυρος, que a língua grega também tem? Essas etimologias são sempre enganadoras, como temos vindo a ver.
Em Portugal, recebemos a palavra do inglês ou do francês. Em 1841, Richard Owen (1804-1892) apresentou uma comunicação na British Association for the Advancement of Science em que usou o neologismo Dinosauria, composto com os tais termos gregos, mas latinizados.
[Texto 15 189]