Língua materna e língua-mãe
De novo, e pior
«Se comparado com países como Angola, Brasil, ou Moçambique, com as suas muitas línguas nacionais, até podemos achar que Portugal é um país monolingue. Não podemos estar mais longe da realidade, porém, se pensarmos nas dezenas de línguas, especialmente de imigração, que são hoje faladas no nosso país. É certo que praticamente todos os portugueses se reveem na língua portuguesa (e o “praticamente” é sobretudo recurso retórico), consideram-na língua-mãe, língua de identidade, parte de si mesmos» («Das línguas nacionais», Margarita Correia, Diário de Notícias, 14.06.2021, p. 29).
Será que consideram mesmo? Coitados. Se língua-mãe é a língua que deu origem a outras línguas — como, por exemplo, o latim em relação às línguas novilatinas —, que sentido tem esta afirmação? E se o trocarmos por língua materna continua a não fazer sentido: determinada língua é ou não é a nossa língua materna, não temos de a considerar tal ou deixar de considerar.
[Texto 15 239]