Léxico: «hendaia»
É vinho, senhores
«O Bailabém serviu linguiça a três, lapas, hendaia e vinho do Pico» (Mau Tempo no Canal, Vitorino Nemésio. Lisboa: Livraria Bertrand, 4.ª ed. s/d., p. 204).
[Texto 15 632]
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É vinho, senhores
«O Bailabém serviu linguiça a três, lapas, hendaia e vinho do Pico» (Mau Tempo no Canal, Vitorino Nemésio. Lisboa: Livraria Bertrand, 4.ª ed. s/d., p. 204).
[Texto 15 632]
Talvez alheamento
«Destacam-se, na fachada, a forte presença do volume horizontal da caleira em betão, o quebra-sol sobre a janela frontal e os elementos de ventilação do interior da casa» (Um Olhar para o Habitat Informal Moçambicano: de Lichinga a Maputo, Júlio Carrilho et al. Maputo: Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico, 2001, p. 81).
Quem nunca ouviu arquitectos usarem a palavra quebra-sol, quem? Isso são vocês, mas poderá ser alheamento.
[Texto 15 631]
Mais estranhas ausências
«O chefe republicano Afonso Costa tinha a sua casa de férias no Banzão, entre o mar e a serra de Sintra, sítio de verão ameno e muito chegado à fértil várzea de Colares, a pátria das vinhas Ramisco. Ia a banhos ali perto, à praia das Maçãs, onde não deve ter entrado na taberna de Manuel Dias Prego — que servia umas saborosas lascas de vitela, fritas ou grelhadas, entaladas em duas fatias de pão. [...] O investigador José Alberto da Costa Azevedo, uma vida passada a esclarecer mistérios e curiosidades da história de Sintra, certifica que o atual prego herdou o nome do seu criador, Manuel Dias Prego, um dos primeiros edificadores da Praia das Maçãs» («Nasceu o prego», Manuel Catarino, Tal&Qual, 30.06.2021, p. 15).
Nos dicionários é que isto anda tudo amalgamado. Em prego, para todas as acepções, a Porto Editora garante que é a «derivação regressiva de pregar», e já está. Se registasse (não o faz!) pêra-rocha, diria talvez que provém de «pêra + rocha». Há dias em que me apetecia ter nascido marroquino e só conhecer o tamazigue.
[Texto 15 630]
Ainda na carpintaria
Ah, sim, mas não é do mundo LGBTQIA+. Rabo-de-minhoto: talvez só esteja em dicionários da marinha. É o entalhe que se dá aos topos dos madeiros que se querem unir, entalhando um no outro pelo centro. Só que depois vamos encontrá-lo num dicionário bilingue da Porto Editora. Em dovetail, lemos: «malhete; encaixe; sambladura; rabo de minhoto; ganzepe». Pois é, já vimos isto outras vezes... O que me leva a outro tipo de ensambladura, de que ainda hoje se fala muito, designada cauda-de-andorinha, e que os dicionários, estranhamente, não registam. Não deve haver obra sobre marcenaria ou carpintaria que não mencione este ensamblamento. A propósito: não andarão os editores distraídos ao deixarem esgotadas, durante anos, obras desta natureza? Em língua inglesa, só a escolha é difícil. Em língua portuguesa, nem em alfarrabistas.
[Texto 15 629]