Fantasmas e ortografia
Pois não percebo
«Qual é a consequência dos eleitores-fantasma? “Falsificam a abstenção”, geram “conclusões erróneas”, podem “alterar o número de deputados” por círculo eleitoral. É um problema velho que se arrasta no tempo e que teve “valores especialmente altos em meados da década de 1990”» («Fantasmas. A culpa é do “desleixo” e do apego à terra dos emigrantes?», Artur Cassiano, Diário de Notícias, 27.01.2022, p. 4). «A questão dos eleitores-fantasma é recorrente, apesar das medidas introduzidas para corrigir os cadernos. Mas há quem destaque que o maior fator são os portugueses que há muito vivem no estrangeiro, mas fizeram questão de manter o recenseamento no país natal. Ou seja, emigrantes que constam dos cadernos eleitorais mas não dos Censos. E, assim, chega-se à tal diferença superior a um milhão» («Até um milhão de eleitores-fantasma e emigrantes pesa na abstenção», Carla Soares, Jornal de Notícias, 29.01.2022, p. 12). Pronto, já percebemos. O que não percebemos, ou não percebo eu, é que nos dicionários se encontre o vocábulo composto empresa-fantasma — ou escritor-fantasma, que não me parece diferir — e não eleitor-fantasma.
[Texto 15 978]