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Linguagista

Léxico: «cesariano»

Não só de César

 

      Está sempre a falar-se em como a medicina avançou tanto, como evoluiu nos últimos cem anos. Não falta quem, contudo, deplore quão pouco a medicina avançou. O que teve, isso sim, um desenvolvimento sem precedentes foi a tecnologia usada na prática da medicina. Não confundamos, pois. Assim, uma prática sangrenta, primitiva, cruel, são as cesarianas, sobretudo as muitas feita$ desnecessariamente, como de quando em quando vem para os meios de comunicação. Dito isto, só queria lembrar a Porto Editora de que o adjectivo cesariano também diz respeito a cesariana, e não apenas, como regista, relativo a César ou a cesarismo.

 

[Texto 16 233]

Léxico: «drusismo»

Para evitar o erro

 

      «“Esta foi a primeira vez de uma iniciativa que pretendemos repetir todos os anos. É a melhor maneira de celebrarmos juntos a nossa fé, a dos filhos de Abraão”, declarou o embaixador de Israel, país de vasta maioria judaica, mas que conta com uma importante minoria islâmica, também com uma comunidade cristã, além de seguidores de outras crenças, como o drusismo» («Jantar de Iftar na casa do embaixador israelita», Diário de Notícias, 27.04.2022, p. 21).

 

[Texto 16 232]

Guerra Colonial

Uma questão maiúscula

 

      Se em flor-do-congo dizes que é, na gíria, a «designação atribuída pelos militares portugueses envolvidos na Guerra Colonial (1961-1974) a certo eczema de origem fúngica», em chaimite não podes escrever que é a «viatura blindada ligeira com tracção às quatro rodas, desenvolvida em Portugal para permitir o transporte de tropas durante a guerra colonial e que se tornou um dos símbolos da revolução de 25 de Abril de 1974».

 

[Texto 16 231]

Léxico: «confixo | transfixo»

Assalto ao tesouro dos xamãs

 

      Bem podem alguns gramáticos portugueses falar nos diversos tipos de afixos, como confixos, circunfixos, interfixos, infixos, prefixos, sufixos e transfixos, depois não os vamos encontrar nos dicionários. São palavras assim que certos professores universitários não gostam que estejam nos dicionários, porque fazem parte dos ingredientes secretos das suas poções mágicas.

 

[Texto 16 230]

Bolas — salgadas ou doces

Afinal, também doces

 

      «No que respeita à bola doce, trata-se de uma iguaria de textura diferenciada, o que lhe permitiu ganhar visibilidade fora do seu território. É um dos ícones da doçaria conventual do Planalto Mirandês, confecionada com canela e açúcar às camadas, sendo amassada à mão, cozida num forno tradicional e servida na Páscoa. Para confecionar este folar, os ingredientes terão de ser bem selecionados e a massa bem esticada para dar origem a um doce húmido, com camadas muito finas separadas por canela e açúcar. Segundo a tradição mais antiga, esta bola é feita com farinha de trigo, ovos, canela, açúcar, fermento de padeiro, manteiga, azeite e sal. A bola doce mirandesa deixou de ser um fenómeno sazonal e assumiu o papel de produto regional que já é vendido durante todo o ano em Lisboa, no Porto e em alguns pontos de França e Espanha» («Feira da Bola Doce está de regresso a Miranda do Douro», Jornal de Notícias, 8.04.2022, p. 23). Então, tratando-se de uma bola tradicional, quer dizer que o dicionário da Porto Editora não pode defini-la, como faz, que é a «iguaria salgada».

 

[Texto 16 229]