É ficção, senhores
«Já sobre a origem e características dos cães de raça Castro Laboreiro e Sabujo, destaca a moção que “são totalmente distintas, possuindo características genéticas, morfológicas e funcionais que não admitem qualquer controvérsia ou erro de identificação”. O cão de Castro Laboreiro “é uma das raças caninas mais antigas da Península Ibérica, sendo uma das onze raças com estadão, reconhecidas em Portugal”. “Trata-se de um cão de guarda tipo mastim, enquanto o Sabujo é um cão de caça, de faro por excelência, usado em matilha ou à trela para farejar rastos de odor ou sangue de caça grossa”, explica o documento» («Melgaço quer repúdio da TVI a cena de novela por “ofensa grave” a Castro Laboreiro», Observador, 2.05.2022, 19h34).
Pronto, agora uma telenovela deixou os castrejos enxofrados. É ficção, senhores. Quanto aos dicionários, sabujo, bem ou mal (mal, diria) definido, está em todos; castro-laboreiro, porém, não está em nenhum. Acham mais natural ter serra-da-estrela. Vá, uma ajudinha da Federação Cinológica Internacional para a definição. Um dia depois, noutro jornal: «Apesar de admitir que se trata de “uma obra de ficção e que, por isso, a margem de liberdade criativa é bastante ampla”, na moção refere-se que a origem e características dos cães de raça castro-laboreiro e sabujo “são totalmente distintas, possuindo características genéticas, morfológicas e funcionais que não admitem qualquer controvérsia ou erro de identificação”» («Melgaço repudia novela onde cão de Castro Laboreiro é posto em causa», Jornal de Notícias, 3.05.2022, p. 21).
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