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Linguagista

Léxico: «espessante»

Não é nada

 

      «Para combater o coronavírus, a empresa, além de fabricar o álcool-gel, lançou também “um produto de base alcoólica, mas sem o espessante, e um sabonete líquido também desinfetante”. Este último, explicou, “não é um produto de secagem rápida, mas é para ser usado para lavagem, como os sabonetes líquidos tradicionais”. A procura destes produtos mantém-se. “Continuamos a vender desinfetante todos os dias, mas a nível de quantidade claro que já não tem nada a ver com 2021 e muito menos com 2020”, diz» («Empresa aposta no álcool-gel e vende 200 mil litros em 2020», Jornal de Notícias, 6.05.2022, p. 23). Portanto, Porto Editora, não insistas em que espessante é a substância utilizada na indústria alimentar. Não só.

 

 

[Texto 16 264]

Léxico: «rinomodelação | septoplastia»

Antes isso que tatuagens

 

      «No início do ano, Alexandra Lencastre também se entregou a cuidados estéticos, moldando o nariz, no seu caso, sem recurso à cirurgia. De acordo com a NB Clinic, responsável pela intervenção, a atriz realizou “uma rinomodelação natural que pudesse realçar os seus traços”. “Neste caso, pretendíamos preencher a depressão evidente”, pormenorizou a clínica, adiantando que foi tudo feito “apenas com ácido hialurónico”. Bastante mais nova, a cantora Bárbara Bandeira já experimentou o tratamento, no mesmo local. [...] O meu nariz teve de ser partido para ir ao lugar e endireitar”, partilhou Ana Isabel Arroja em setembro de 2021. A radialista foi simultaneamente submetida a rinoplastia e septoplastia, por motivos de saúde mas também estéticos» («Famosos ganham novas feições à conta do nariz», Sara Oliveira, Jornal de Notícias, 5.05.2022, p. 31).

 

[Texto 16 263]

Léxico: «dáimio | daimio | daimió»

Mas isso tem remédio

 

      «O processo de transformação do Japão ficou conhecido por “Era Meiji” e teve o imperador Mutsu-Hito por protagonista. Este ascendeu ao trono em 1867, com apenas 15 anos. Influenciado por intelectuais e pelos comerciantes desejosos de maiores lucros, decidiu transferir a capital de Quioto para Tóquio e assumir o poder político. O processo não se fez sem resistências, sobretudo dos dáimios, os terratenentes que suportavam o xogunato. Contudo, estes nada podiam contra a vontade do imperador, cuja “natureza divina” continuava incontestada» («A águia e o Sol», Lourenço Pereira Coutinho, «Revista E»/Expresso, 29.04.2022, p. 33). O VOLP da Academia Brasileira de Letras só regista as grafias daimio e daimió — as únicas que a Porto Editora não regista. E, sobretudo, a definição do dicionário da Porto Editora («antigo senhor feudal, no Japão, que dominava o governo») não é rigorosa.

 

[Texto 16 262]

Léxico: «microplaca | microplaca dos Açores»

Ainda debatida, mas usada

 

      «No meio dessa plataforma, a que alguns cientistas chamam microplaca dos Açores (uma designação ainda debatida no seio da comunidade científica), há uma pluma que vem do manto, empurra os Açores para cima e força a subida do magma. À conta do limite entre a microplaca dos Açores e a placa euroasiática, as rochas que compõem a microplaca deformam-se e sofrem uma torção que acaba por fraturá-las, abrindo fissuras na superfície da Terra. Uma delas é a falha em que estes sismos se têm registado, explicou ao Observador o geólogo José Carlos Kullberg, da Universidade Nova de Lisboa. E é a partir dela que o magma em ascensão pode escapar» («O jogo de forças nas profundezas dos Açores que abala São Jorge há quatro dias e pode culminar numa erupção vulcânica», Marta Leite Ferreira, Observador, 23.03.2022, 23h11).

 

[Texto 16 261]

Léxico: «saiaguês»

Nova incursão

 

      Está bem, então eu digo: saiaguês também é, como se lê no DRAE, a «habla rústica que toma elementos del dialecto leonés de la comarca de Sayago, utilizada por personajes villanescos en el teatro español de los siglos XV al XVII». Não se saber isto pode conduzir a interpretações erradas do texto.

 

[Texto 16 260]

Léxico: «cartolado»

Agora em português

 

      Num anúncio de página inteira no JN: «Parabéns aos finalistas cartolados, aos fitados e caloiros da Universidade da Maia.» O primeiro, fitado, está no dicionário da Porto Editora: «gíria académica que ou aquele que, por ser finalista de um curso universitário, pode usar fitas na pasta académica». Cartolado é que já é mais difícil. Em inglês, olarila, sabe dizê-lo: «final year student». E em alemão, das ist – das ist Wahnsinn!, também: é o «Student», ou, seguindo as subliminares, e atoleimadas, directrizes dos partidos de esquerda, a «Studentin» «des lezten Studienjahres».

 

[Texto 16 259]