Palavras desnecessárias
Então inventa-se
«Em vão se poderia procurar nos discursos políticos contemporâneos vestígios de grandes oradores portugueses, de António Vieira a Garrett ou até Brito Camacho, o político republicano que começou um discurso criticando uma lei do Governo da época com a imortal frase “No tempo em que os animais falavam (falavam mas não escreviam)” – o que hoje seria alvo de uma severa admoestação do presidente da Assembleia da República, outro orador que não se distingue pela capacidade de empolgar audiências antes pelo rigor cronométrico com que interrompe as divagações elucubratórias dos parlamentares» («Domingo à tarde», José Júdice, Diário de Notícias, 8.01.2024, p. 2).
José Júdice queria dizer «elucubrativas», mas fiou-se na memória e a coisa correu mal. Antes de certa idade e depois de certa idade, os falantes julgam poder dispensar a consulta do dicionário.
[Texto 19 230]