Linguagista

Quando há problemas

      «Como se diz na tropa, se houver problema, desenmerdem-se!» (Fernando Figueiredo, Observador, 19.01.2024, 00h12). Se o autor, que é coronel reformado, o diz, ele lá sabe. Enfim, diz-se por todo o lado — mas todos o evitam escrever, até os lexicógrafos. Quando temos de tomar decisões, é o que fazemos. O encontro consonantal nm deixa-me à beira da apoplexia. Temos de chegar a uma solução ancorada na analogia, e nm é alienígena. O termo é mesmo nasalado? Sim, é. Logo, recorramos ao que já temos: mm. Será desemmerdar, como «comummente», por exemplo. Não podemos é cruzar os braços ou assobiar para o lado, já que temos aqui um problema e cabe-nos resolvê-lo.

[Texto 19 273]

Calha bem

      «É óbvio que o Chega não tem uma organização de juventude militarizada nem uma proposta revolucionária sobre a ordem constitucional do país (ainda que as suas ideias sobre a redução drástica do número de deputados e o reforço do presidencialismo, embrulhadas no slogan da “IV República”, apontem claramente para uma visão caudilhista da legitimidade política)» («Ventura não se moderou. Pelo contrário», Francisco Mendes da Silva, Público, 19.01.2024, p. 6).

[Texto 19 272]