Linguagista

E agora fenómenos ópticos

      Sim, para não acabarmos com erros, é desagradável. «Um halo lunar foi fotografado esta noite junto ao campo de futebol de Vila Frescainha São Martinho, em Barcelos, com as luzes da cidade como pano de fundo. O fenómeno meteorológico ótico foi captado ao início da noite e, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) explica que o halo pode ter “forma de anel ou em arco, provocado pela refração da luz, por cristais de gelo em suspensão na atmosfera”» («Halo lunar sobre a cidade de Barcelos», O Minho, 20.01.2024, 23h00).

[Texto 19 279]

E agora um erro

      «Bem-haja Nuno Pacheco por não largar o Acordo Ortográfico (AO), que o desinteresse público e o tabu político sobre este tema são impróprios. “Ao que uma coisa é, é como é, ou é porque é, chama-se essência”» (excerto de uma carta da leitora, Maria Afonso, Lisboa, na edição de 19.01.2024 do jornal Público, p. 4). Não li a carta toda — não tenho tempo —, mas será a carta de uma leitora dada à escrita, imagino. Pois começa mal, começa com um erro que estou farto de ver e corrigir: é «bem haja Nuno Pacheco». (Quando não for, seria preciso indagar, «bem haja, Nuno Pacheco».)

[Texto 19 278]

Felizmente

      «En esencia, se habla de la versión light de un producto cuando este presenta un aporte calórico un 30 % menor que el alimento original. “Los principales componentes del alimento sobre los que se cambian las características para que sean más saludables suelen ser el valor calórico, los azúcares, la grasa y la sal», precisa el endocrinólogo [Juan José López]» («Lo “light” no siempre es tan ligero: ¿qué significa esta declaración nutricional?», Lucía Cancela, La Voz de Galicia, 14.01.2024, p. 34).

      Os dicionários é que não se comprometem: é o que tem um valor calórico/teor alcoólico mais baixo e já está, desamparem-nos a loja. Contudo, encontra-se estatuído na lei, não está sujeito a avaliação subjectiva ou a olhómetro descalibrado.

[Texto 19 277]

Menos místico e sereno

      «Nicolás Espinosa é de San Sebastian, no País Basco, Espanha. Tem 21 anos e está a estudar Turismo no Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), através do programa Erasmus. Na última quarta-feira, ‘correu’ todo o país após O MINHO ter publicado imagens suas a ‘surfar’ uma onda estática no rio Cávado, em Barcelos. Apesar da mestria com que enfrentava a corrente, confessa que foi a primeira vez que fez ‘river surf’. E como estudante na área, aponta que pode ser um filão turístico» («É do País Basco, tem 21 anos e estuda em Viana. Eis o ‘surfista’ do rio Cávado em Barcelos», Pedro Luís Silva, O Minho, 19.01.2024, 8h38).

      No surfismo usa-se a expressão «onda estática»? (Não existe o termo «surfismo»? Vejam isso melhor.) Sei é que em ciência se diz onda estacionária, e, contudo, não está nos nossos dicionários. Uma espécie de sufismo, mas menos místico e sereno.

[Texto 19 276]

Não confundir com «sardinhas»

      «Sarrubbo, defendeu em entrevista à Folha as saídas temporárias de detentos —as chamadas saidinhas— e a adoção de câmeras nos uniformes dos policiais» («Sarrubbo defende saidinhas e diz que não vai inventar a roda», Raquel Lopes, Folha de S. Paulo, 20.01.2024, p. A8). Nisto, nesta criatividade e simplicidade, superam-nos largamente.

[Texto 19 275]

Pequenas moléculas de ácidos nucleicos

      «A partir das amostras de sangue, o que os pesquisadores fizeram foi usar uma plataforma denominada Somascan, que se baseia em mais de 7.000 “anzóis” moleculares compostos por ácidos nucleicos (o mesmo tipo de substância que compõe o DNA e seu “primo”, o RNA). Os anzóis, chamados aptâmeros, conseguem se conectar de forma específica com diferentes tipos de proteínas, o que ajuda os cientistas a identificarem quais dessas moléculas estão circulando no sangue» («Mistério da Covid longa é desvendado em retrato molecular», Reinaldo José Lopes, Folha de S. Paulo, 19.01.2024, p. B6).

[Texto 19 274]