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Linguagista

Léxico: «ciganita»

Como se não existissem

 

      «Nas férias ajudava o meu pai, um dos homens que ajudou a fazer as calçadas da Marginal. Levava-lhe a merenda e uma ciganita – uma garrafa de cerveja cheia de vinho, que na altura se comprava avulso nas tabernas. Em 1974 o trabalho infantil continuava a existir [diz Edmar Pires]» («Onde eu estava», Alexandra Tavares-Teles, Diário de Notícias, 11.02.2024, p. 3).

 

[Texto 19 369]

Léxico: «bileiro»

Usadas e desprezadas

 

       «“Tinha um desgosto enorme por Vila do Conde não ter uma confraria”, explicou, ao JN, a presidente da recém-criada Associação Real Confraria Villa de Comité. “Bileira” de alma e coração, Dilma desfila há anos no cortejo de mordomas sanjoanino. É apaixonada pela cidade, pelas suas tradições, pela forma como soube crescer sem destruir o património, nem atropelar a sua história secular» («Peixe seco, leite e doces na confraria de Vila do Conde», Ana Trocado Marques, Jornal de Notícias, 11.02.2024, p. 23).

 

[Texto 19 368]

Léxico: «ondulação»

Não esta

 

      «Entre sexta e a terça-feira de Carnaval, o tempo chuvoso deverá manter-se no Minho, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O estado do tempo será “condicionado pela passagem sucessiva de ondulações frontais associadas a depressões que se deslocam no Atlântico em direção à Europa”» («Ondulações frontais ‘molham’ Carnaval no Minho», Pedro Gonçalo Costa, O Minho, 8.02.2024, 21h17).

      Não vejo esta específica acepção do vocábulo ondulação — cf. Glossário Climatológico/Meteorológico do IPMA — nos nossos dicionários.

 

[Texto 19 367]

Do malapropismo

Exemplos ibéricos

 

      «Esas confusiones son casos de malapropismo, el mal uso de los parónimos, palabras que tienen entre ellas una relación o semejanza, sea por su etimología o solamente por su forma o su sonido, como se ve en nadar en la ambulancia por nadar en la abundancia. Al que más se recurre para ilustrar estas prevaricaciones idiomáticas es el estar en el candelabro por estar en el candelero, que acuñó Sofía Mazagatos. No se quedó muy atrás Carmen Sevilla en esta confesión: “Soy mayor, pero no tanto como para ser del Parque Jurídico”» («Mentirosos convulsivos», Francisco Ríos, La Voz de Galicia, 11.02.2024, p. 17). Trouxe aqui, foi o caso mais recente, o «espartano» por «aspartame» de José António Saraiva no Nascer do Sol. Terá sido ao lusco-fusco, não se via muito bem. Também temos malapropismo, que a Porto Editora acolhe: «utilização incorrecta de uma palavra em lugar de outra de sonoridade similar, frequentemente com efeito cómico ou ridículo».

 

[Texto 19 366]

Léxico: «aristocratizante»

Começamos assim

 

      «Vivendo entre “gente muito dura e fria, muito educada”, também essa mulher quererá apropriar-se de uma miserável que “usava as rugas que o cirurgião eliminara”, “as rugas que lhe pertenciam”. Se Agustina Bessa-Luís manifestava um amor-ódio a esta burguesia aristocratizante, Hélia Correia despreza ostensivamente essa classe, não sem se apropriar do jeito sentencioso e feroz de Agustina» («Quais bárbaros», Pedro Mexia, «Revista E»/Expresso, 26.01.2024, p. 56).

 

[Texto 19 365]