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Linguagista

Léxico: «banheirão | cruzador»

No Dia Internacional do Preservativo

 

      «A prática desenrolada naquele sanitário tem nome: banheirão, a utilização de um banheiro público para sexo entre homens. Há vários pela cidade, uns famosos e outros mantidos em segredo. [...] Em estações e shoppings, onde ela se dá com mais frequência, guardas e faxineiros tornaram-se barreiras treinadas pelas empresas contra cruzadores —termo usado para descrever quem usa áreas públicas para ato libidinoso. A ordem é segurá-los e chamar a polícia» («Banheirão renasce em SP com propina, organização e códigos», Bruno Lucca, Folha de S. Paulo, 11.02.2024, p. B4).

      Cruzador vem, é claro, do inglês cruiser, com o mesmo sentido, mas banheirão é totalmente obra do génio brasileiro.

 

[Texto 19 380]

Léxico: «estarrecimento»

Estarrecemos, e nada mais

 

      «O estarrecimento com a amplitude da intentona golpista não pode ser menor do que o da suspeita de esvaziamento da operação de socorro aos ianomâmis pelas forças, nem do fato de que os medicamentos foram achados numa fossa em Boa Vista. Estavam lá desde o governo passado» («Uma massa falida», Muniz Sodré, Folha de S. Paulo, 11.02.2024, p. A2).

 

[Texto 19 379]

Léxico: «espelhador»

Há de tudo

 

      «Tudo o que se vê, por exemplo, num desfile de escola de samba teve de ser fabricado por alguém. E esse alguém significa muita gente. As fantasias, envolvendo trajes, luvas, meias, sapatos, chapéus e perucas, saem dos croquis dos figurinistas, passam pelos desenhistas e chegam aos chapeleiros, cortadeiras, costureiras, bordadeiras e aderecistas. Sabe por que alguns trajes parecem espelhar a avenida? Porque são feitos de espelhinhos grudados ao tecido, cortados pelos espelhadores. Criado o protótipo de cada fantasia, ela é reproduzida às centenas, um modelo para cada ala, por um exército de artistas e artesãos» («Economia da folia», Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 11.02.2024, p. A2).

 

[Texto 19 378]

Léxico: «ruralizante»

Mais um -ante

 

       «Ciente de que muito havia por descobrir das condições de vida das mulheres no país real, [Maria] Lamas muniu-se de um “caixote” Kodak e, durante esse tempo, percorreu o país de lés a lés, numa recolha visual e de testemunho jornalístico e literário ímpar para a compreensão do salazarismo e das contradições da sua política ruralizante e antidesenvolvimentista» («Peregrinação cívica», Celso Martins, «Revista E»/Expresso, 2.02.2024, p. 68).

 

[Texto 19 377]

Léxico: «carolino»

E assim é

 

      «En su último libro, «Carlos III: nuevo rey, nueva corte, la historia desde dentro», el biógrafo real Robert Hardman sostiene que las expectativas maliciosamente mantenidas hacia quien fuera el heredero más longevo de la corona británica han sido ampliamente superadas durante el primer año de la era carolina» («El cáncer nos iguala a todos», Rocío Colomer, La Razón, 9.02.2024, p. 2).

      O único dicionário, tanto quanto sei, que afirma, e bem, que carolino é o adjectivo relativo ou pertencente a qualquer imperador ou rei de nome Carlos é o Michaelis.

 

[Texto 19 376]

O AO90 tal como é aplicado

Assim vamos

 

      «Este incremento deveu-se essencialmente ao aumento em 8,1% da mão-de-obra» («Custo da mão-de-obra sobe há ano e meio e pressiona preço das casas novas», Sónia Santos Pereira, Diário de Notícias, 11.02.2024, p. 17). Foi dos primeiros jornais a adoptar as regras do Acordo Ortográfico de 1990. Passados tantos anos, ainda não dominam a nova ortografia. Nem se prevê que isso alguma vez venha a acontecer.

 

[Texto 19 375]