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Linguagista

Léxico: «mãe solteira»

Ajudai aqui

 

      Como é que pode haver erros até em coisas tão, mas tão elementares como a definição de mãe solteira? Pois, não posso contar mais. No caso, nem sequer posso remeter para o dicionário da Porto Editora, pois é em vão que nele procuramos pela locução nos verbetes mãe e solteira. Santa Maria Mãe de Deus!

 

[Texto 19 392]

Léxico: «improvisacional»

Coisas da música

 

      «Halvorson começou por se apaixonar por Jimi Hendrix e é lícito apontar que neste novo registo essa angularidade elétrica do rock surge mais evidente nalguns dos seus fraseados (como acontece em ‘Desiderata’), mas foi o lendário saxofonista e pedagogo Anthony Braxton que lhe apontou o caminho da mais livre criação instantânea e essa veia improvisacional surge completamente aberta nas oito peças do novo álbum que vivem de diferentes nuances expressivas, acercando-se até do mais puro abstracionismo em ‘Incarnadine’» («Os riscos de Mary», Rui Miguel Abreu, «Revista E»/Expresso, 2.02.2024, p. 63).

 

[Texto 19 391]

Etimologia: «grupanálise»

É o mínimo

 

      Na terça-feira, li no Público um obituário, não jornalístico, mas desses que a família do defunto manda publicar nos jornais, muito bem-humorado. O defunto tinha sido grupanalista. Ora, não é todos os dias que encontramos esta palavra, e por isso não vamos perder a oportunidade de lembrar que o conceito de group analysis, origem da nossa grupanálise, foi criado em 1927 pelo psi Nicholas Trigant Burrow (1875-1950), que a definiu como a aplicação da terapêutica psicanalítica ou tratamento da sociedade, e mais concretamente de pequenas comunidades. (Mais tarde, em 1946, S. H. Foulkes estabeleceu que a dimensão do grupo seria de 7 ou 8 pessoas.) É o complemento perfeito e justo da secura de se dizer meramente que provém do inglês group analysis.

 

[Texto 19 390]

Léxico: «tútsi | hutu»

Grande falha

 

      «O Conselho de Segurança da ONU condenou a recente ofensiva do M23, sigla do Movimento 23 de Março, grupo rebelde tutsi, a mesma etnia de Paul Kagame e das vítimas do genocídio do Ruanda (800 mil a um milhão de mortos), de que este ano se assinalam 30 anos» («Bandeiras queimadas em Kinshasa contra a passividade internacional no Leste do Congo», António Rodrigues, Público, 14.02.2024, p. 22).

      Foi um dos acontecimentos mais horripilantes do fim do século passado (entre 7 de Abril e 15 de Julho de 1994, mais concretamente) e por isso mesmo é estranho que os nomes dos povos envolvidos não estejam em todos os nossos dicionários. A Porto Editora regista «tútsi» (que é a grafia do VOLP da Academia Brasileira de Letras), mas apenas no Dicionário de Espanhol-Português. Vale o que vale, sobretudo porque depois vamos encontrá-lo com a grafia «tutsi» num texto de apoio da Infopédia. Quanto a «hutu», só aparece em textos de apoio.

 

[Texto 19 389]

Léxico: «quase-cristal | quasicristal»

É só escolher

 

      «Agencia Espacial Italiana (ASI) anunció ayer el descubrimiento de un micrometeorito formado por “materiales con una simetría imposible”, los llamados “cuasicristales”, lo que lo convierte en «uno de los más raros» hallados en la Tierra. Se trata de un meteorito “extremadamente raro”, ya que contiene una «rarísima» aleación de aluminio y cobre, así como esas estructuras similares al cristal, ordenadas, pero no periódicas, demostradas por el científico israelí Daniel Shechtman, nobel de química en el 2011» («Hallan en Italia un micrometeorito con una aleación “rarísima”», La Voz de Galicia, 13.02.2024, p. 29). Também a temos, e duplamente: quase-cristal e quasicristal.

 

[Texto 19 388]

Léxico: «hiperfeminização | hiperfeminizar»

E isso é mau

 

      «Estamos rodeados de químicos nocivos que ingerimos no que respiramos, comemos e bebemos?», pergunta Carla Tomás, do Expresso, ao toxicologista Ricardo Dinis-Oliveira. «Sim e voltamos a despejar nos ecossistemas, como indicam alguns estudos às águas dos rios que detetam a presença de antibióticos, antidepressivos ou até de cocaína. As águas das praias têm vigilância de parâmetros microbiológicos, mas não destas substâncias que provocam uma hiperfeminização dos peixes, como estudado nalguns rios. Estamos a desregular o ambiente com as toneladas de compostos químicos que nele despejamos, sem capacidade para detetar estes milhares de substâncias que chegam aos rios» («“Não há um único pesticida inócuo, que possa garantir a segurança das populações”, diz toxicologista», Expresso, 15.02.2024, 19h29).

 

[Texto 19 387]

Léxico: «pinheirinha-de-água»

Não consta

 

      «Há ainda as espécies usadas em aquários e que podem chegar com facilidade a linhas de água, espalhando-se pela natureza, como a pinheirinha-de-água [(Myriophyllum aquaticum)]» («Nas cidades, plantas e animais invasores são um problema para as pessoas e o ambiente», Teresa Serafim, Público, 14.02.2024, p. 18). Que é uma halorragácea.

 

[Texto 19 386]