Um caso bicudo, ou não
«A investigadora [Sofia Dória, do Serviço de Genética da FMUP] nota que “é suposto nós termos duas cópias de cada um dos nossos genes”, sendo que “em algumas regiões do nosso genoma podemos ter apenas uma cópia ou, por exemplo, três cópias”. “Se tivermos uma cópia, dizemos que temos uma deleção naquela região. Se tivermos três cópias, dizemos que temos uma duplicação naquela região”, esclarece Soa Dória, acrescentando que quando temos uma duplicação (ganho) no mesmo cromossoma significa que temos uma região repetida e quando temos uma deleção (perda) num dos cromossomas significa que nesse cromossoma não existe essa região ou mesmo o gene» («Como a genética ajuda a diagnosticar a epilepsia: cientistas do Porto explicam», Filipa Almeida Mendes, Público, 14.02.2024, p. 27).
Exacto, então não é assim? Ou não saberei nada. O dicionário da Porto Editora também regista deleção. Contudo, vamos encontrar «delecção» no Dicionário de Português-Alemão e no Dicionário de Termos Médicos. Fiquem também a saber que em Rebelo Gonçalves ficamos ali entalados entre deleátur e delegação; em José Pedro Machado, é entre deleca e delegação. No dicionário da Porto Editora, nem deleátur nem deleca.
[Texto 19 397]
P. S.: Se houver por aí alguém que conheça Madalena Palmeirim, a autora de Morna Mansa, por favor diga-lhe para rever urgentemente os conceitos de língua materna e língua-mãe. Obrigado.