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Linguagista

Léxico: «tipi»

Ou se calhar foi

 

      Há mais de vinte anos, traduzi um livro em que usei o aportuguesamento tipi para o inglês teepee (bem, na verdade também tipi e tepee), o nome da tenda de peles de alguns povos nativos da América do Norte. Não foi nada de arrojado, pois já nessa altura o lera em algum sítio. Agora, passados todos estes anos, vejo que está, pois claro, no VOLP da Academia Brasileira de Letras, mas não em muitos sítios.

 

[Texto 19 399]

Léxico: «chumbo»

Não só o verbo

 

      «É o adeus às amálgamas dentárias com mercúrio, conhecidas como “chumbos”, depois de uma proposta de proibição ter sido aprovada pela União Europeia (UE), no âmbito da luta contra a poluição do mercúrio. A legislação da UE quer reduzir a contaminação do metal pesado, terminando com o uso deste como material odontológico» («É o fim da era do “chumbo” nos dentes, com proibição em 2025», M. M. B., Jornal de Notícias, 17.02.2024, p. 8). Em chumbar, sim, tens a acepção («obturar (dente) com chumbo ou outra substância»), mas não a terias de registar também em chumbo, Porto Editora?

 

[Texto 19 398]

Léxico: «deleção | deleca | deleátur»

Um caso bicudo, ou não

 

      «A investigadora [Sofia Dória, do Serviço de Genética da FMUP] nota que “é suposto nós termos duas cópias de cada um dos nossos genes”, sendo que “em algumas regiões do nosso genoma podemos ter apenas uma cópia ou, por exemplo, três cópias”. “Se tivermos uma cópia, dizemos que temos uma deleção naquela região. Se tivermos três cópias, dizemos que temos uma duplicação naquela região”, esclarece Soa Dória, acrescentando que quando temos uma duplicação (ganho) no mesmo cromossoma significa que temos uma região repetida e quando temos uma deleção (perda) num dos cromossomas significa que nesse cromossoma não existe essa região ou mesmo o gene» («Como a genética ajuda a diagnosticar a epilepsia: cientistas do Porto explicam», Filipa Almeida Mendes, Público, 14.02.2024, p. 27).

      Exacto, então não é assim? Ou não saberei nada. O dicionário da Porto Editora também regista deleção. Contudo, vamos encontrar «delecção» no Dicionário de Português-Alemão e no Dicionário de Termos Médicos. Fiquem também a saber que em Rebelo Gonçalves ficamos ali entalados entre deleátur e delegação; em José Pedro Machado, é entre deleca e delegação. No dicionário da Porto Editora, nem deleátur nem deleca.

 

[Texto 19 397]

 

P. S.: Se houver por aí alguém que conheça Madalena Palmeirim, a autora de Morna Mansa, por favor diga-lhe para rever urgentemente os conceitos de língua materna e língua-mãe. Obrigado.

 

 

Léxico: «edo | Edos»

Orgulhosamente sós

 

      «Já depois disso, no final de 2022, a fundação alemã Ernst von Siemens financiou o lançamento da primeira base de dados que reúne o extenso conjunto de objectos conhecidos como Bronzes de Benim, peças comemorativas criadas a partir do século XIII pelos edos, descendentes do povo que fundou o império do Benim. Levadas pelos ingleses dos palácios reais da cidade do Benim, na actual Nigéria, a maior parte teve como destino o Museu Britânico, mas outras acabaram noutros países, como a Alemanha, que no ano passado restituiu ao governo nigeriano 21 desses artefactos» («França e Alemanha criam fundo comum para investigar proveniência de peças africanas», Luís Miguel Queirós, Público, 21.01.2024, p. 25).

      Por pouco ficávamos sem mais povos nos dicionários, essa é que é essa. Orgulhosamente sós!

 

[Texto 19 396]

Léxico: «amor-de-burro | aspargo-de-jardim», entre outros

Mete burros, ou não

 

         «Também através do financiamento do Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente, o ICNF refere que foram aprovados vários projectos para o controlo de exóticas e invasoras em cidades, promovidos tanto por autarquias como por associações, como o combate às tartarugas exóticas, acácias, ganso-do-egipto, jacinto-de-água, erva-das-pampas, rã-de-unhas-africana, amor-de-burro ou ao aspargo-do-jardim» («Nas cidades, plantas e animais invasores são um problema para as pessoas e o ambiente», Teresa Serafim, Público, 14.02.2024, p. 19).

      Dois em falta, Porto Editora: aspargo-de-jardim (Asparagus retrofractus) e amor-de-burro, também conhecido como malpica e pica-pica (Bidens pilosa).

 

[Texto 19 395]