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Linguagista

Léxico: «mar profundo»

A cerca de 200 m de profundidade

 

      «Conhecer melhor o mar profundo da Madeira é o desafio de uma expedição internacional, que partiu no início do mês e que está prestes a terminar. Os investigadores acreditam que já se terão identificado espécies novas para a região e quem sabe para a ciência. Há quase um mês que este veículo operado à distância, que pode chegar aos dois mil metros de profundidade, tem trazido notícias do chamado “mar profundo”» («Missão no mar profundo da Madeira pode ter descoberto novas espécies», SIC Notícias, 5.03.2024, 17h03).

 

[Texto 19 479]

 

 

Léxico: «café verde»

Diversas cores, como o chá

 

      «Tal “criou as condições no mercado para que o preço café robusta” se encontre “ao preço mais alto de sempre”, prossegue a responsável, lembrando a que acresce as alterações climáticas nos países produtores que estão a provocar “quebras na produção”, o que tem impacto nos preços do café verde» («Preço do café pressionado por menor produção», Diário de Notícias, 4.03.2024, p. 16).

 

[Texto 19 478]

Léxico: «desracializar | desracialização»

No dia 11 falamos

 

      «E o que é o globalismo? “É a desracialização... a misce... peço desculpa, a mistura de culturas e raças e há a tal perda de identidade que não podemos perder…” Na verdade, o que a esquerda quer é “substituir a população” portuguesa por imigrantes. Assim, com o espetro que paira sobre Portugal, na expetativa de o Chega conquistar o poder, “a esquerda já treme!” [disse Rui Afonso, cabeça-de-lista do Chega pelo Porto]» («O que dizem os candidatos do Chega? “A insanidade mental da esquerda” e o problema da “desracialização”», Vítor Matos, Expresso, 5.03.2024, 12h39).

      Ah, «miscigenação» não é palavra para principiantes. (Outra em que costumam tropeçar é «obstaculizar».) Querem limpar Portugal... Olhem, comecem por limpar aqui a minha rua, que está cheia de pedras dos buracos que a chuva tem aberto nas últimas semanas.

 

[Texto 19 477]

Léxico: «piodense | a(o) cutelo | plenário»

Está decidido

 

      Fica-se com vontade de ir conhecer Piódão, na serra do Açor, só por vermos a igreja matriz, diferente de todos os outros edifícios da aldeia. É o que vou fazer. Entretanto, será melhor que todos os dicionários acolham (nenhum o faz!) o gentílico piodense. Entrevistado pela reportagem do Portugal em Directo, na RTP1, o Sr. José Lopes, presidente da Junta de Freguesia (eleito pelo plenário dos cidadãos eleitores, porque a freguesia tem menos de 150 eleitores. A propósito, Porto Editora, não me parece que este plenário se encaixe exactamente nas acepções que registas), disse que algumas pessoas tinham sugerido que o pavimento das ruas devia ser mais liso, talvez com ardósia chapeada, mas não foi a opção dele, pois que o piso típico, o original, é xisto ao cutelo e não xisto lajeado. Piódão está entre as finalistas para o Prémio Mies van der Rohe, um prestigiado galardão internacional de arquitectura atribuído pela União Europeia.

 

[Texto 19 476]

Léxico: «fazer touca | touca brasileira»

De novo

 

      «A música que ouvia era clássica, ou francesa (Françoise Hardy) e brasileira (MPB4, Chico Buarque). Vestia roupa que trazia de Londres, as minissaias pós-Mary Quant eram obrigatórias e secava o cabelo fazendo a chamada “touca brasileira” para ficar muito liso [conta Maria João Belford, médica]» («Onde eu estava Alexandra Tavares-Teles, Diário de Notícias, 4.03.2024, p. 3).

      Relacionado com o 25 de Abril, não há melhor, mais interessante iniciativa em toda a imprensa portuguesa. Mas cito este excerto por outro motivo, claro: a touca brasileira. Lembram-se do fazer touca de Ruy Castro, que aqui citei?

 

[Texto 19 475]

Léxico: «tambué | cacolondondo | mulemba»

Não é preciso inventar nem copiar

 

      «“Thambwé: Recuperação, Valorização e Divulgação do Património Musical Cokwe” é o nome do projeto desenvolvido naquela província, que deu origem à escola de música tradicional Thambwé e de uma outra de instrumentos da música da região. [...] Likembe, kakholondondo e muyemba são alguns dos instrumentos tradicionais angolanos, vulgarmente conhecidos por quissanje (espécie de idiofones cujo som varia em função do seu formato e é provocado pela sua vibração), expostos até dia 19 na galeria do Camões em Luanda. [...] A exposição, aberta ao público desde a passada terça-feira, 27 de fevereiro, retrata igualmente, com fotografias, o percurso do projeto e disponibiliza códigos de QR, permitindo que, através da câmara de um telemóvel, os visitantes possam escutar várias músicas do folclore cokwe» («Espanhol recuperou 640 músicas tradicionais do leste de Angola para preservação», Rádio Renascença, 4.03.2024, 6h44).

      Podia ser, mas não é. Dizemos (e umas estão dicionarizadas e outras não) tambué, liquembe, cacolondondo, chócue.

 

[Texto 19 474]