Linguagista

Oh, quantas não faltarão...

      Ir a Serpa e não provar as masmarras, papas quentes de pão e alho, é o mesmo que ir a Roma e não ver o papa, ou ir ao Museu Rainha Sofia e não ver o Guernica. (Habitualmente, só vemos os dois terços superiores, porque em baixo está um friso de asiáticos.) Infelizmente, os nossos dicionários só se lembram de masmorras, que em comum apenas têm a origem árabe.

[Texto 19 522]

Isso sim

      Seria muito bom que os nossos dicionários dissessem uma parte disto na definição de lampreia: «É um animal que vive sete anos e só se reproduz uma vez na vida. Vem do mar, desova (no rio) e depois as larvas ficam cinco anos enterradas. Ao fim desse tempo, descem para a foz e vão para o mar um ano e meio, dois. O ano de 2017 foi de seca e caudais insuficientes, e os animais não foram para o mar em quantidade para se reproduzirem e alimentar a pesca. O problema está-se a notar mais agora [afirma Pedro Raposo, director do MARE, Centro de Ciências do Mar e do Ambiente]» («“Ou paramos a pesca ou vai ser pior”», Jornal de Notícias, 12.03.2024, p. 25).

[Texto 19 521]

A segunda, em dias

      «Rui Castro, presidente da Associação de Profissionais de Pesca do Rio Minho e Mar, confirma “o porte grande” das lampreias capturadas este ano, e nota também a presença de muitos juvenis nas águas do Minho. “Vê-se muita criação. É uma coisa impressionante. Criação é lampreia bebé. Se calhar, nos próximos quatro ou cinco anos vamos ter muita lampreia”, contou» («Lampreias poucas e boas atingem preços históricos», Ana Peixoto Fernandes, Jornal de Notícias, 12.03.2024, pp. 24-25).

[Texto 19 520]

Tantas vezes dito, tão poucas escrito

      «Uma belezura de homem. E a Mena não resistiu. Abriu-lhe de par em par a porta até aí zelosamente guardada da casa de dona Berta. Dona Berta, por sua vez, aceitou o tio Raul sem pestanejar. Sabia que o Betinho não corria perigo...» (Uma Família Diferente, Theresa Schedel. Lisboa: Editorial Presença, 2004, p. 186).

[Texto 19 519]

E este, acabado de nascer

      «Foi descoberta uma nova espécie de orquídea de Madagáscar com um tubo de néctar que alcança os 33 centímetros (cm) de comprimento» («Descoberta nova espécie de orquídea de Madagáscar», Olímpia Mairos, Rádio Renascença, 12.03.2024, 11h23). É a solenangis-gigante (Solenangis impraedicta).

[Texto 19 518]

Atesoura este

      «“A borboleta noturna Xanthopan praedicta é um dos únicos polinizadores possíveis. Além do angreco-cometa [Angraecum sesquipedale], até ao momento, só se conhecia mais duas espécies de orquídeas de Madagáscar com esporão de comprimento comparável. Desde 1965 que não se descobria uma espécie com uma adaptação tão extrema à polinização pelas borboletas de Darwin”, acrescenta [João Farminhão, investigador do Centre for Functional Ecology (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e do Jardim Botânico da UC (JBUC)]» («Descoberta nova espécie de orquídea de Madagáscar», Olímpia Mairos, Rádio Renascença, 12.03.2024, 11h23).

[Texto 19 517]