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Linguagista

Léxico: «policopiador»

Por causa dos apagões

 

      «Os comunicados eram dactilografados em stencil. Ainda tenho no nariz o cheiro do verniz que usávamos para tapar os erros que por vezes aconteciam. As pinturas eram feitas de noite, com outros camaradas, porque as camaradas que dactilografavam comigo tinham filhos pequenos. O policopiador fazia muito barulho. Então, por razões de segurança, os locais de impressão mudavam diversas vezes [conta Aurora Rodrigues, antiga procuradora da República]» («Onde eu estava», Alexandra Tavares-Teles, Diário de Notícias, 30.01.2024, p. 3). Não te devias ter desfeito do policopiador (que só permanece nos bilingues), Porto Editora. Nunca se sabe, pode vir para aí um apagão que nos obrigue a usar tecnologias antigas.

 

[Texto 19 595]

Léxico: «ganho de causa»

Para evitar equívocos

 

      De quando em quando, deparamos com a expressão, de origem jurídica, ganho de causa, que é a vitória obtida numa questão judicial, num litígio, numa pendência, mas usada num sentido figurado. A última vez que a ouvi foi precisamente na quarta-feira, dita, creio, pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro. Tal como sucede com reserva mental, aqui trazida já esta semana, também esta vem do Direito mas tem igualmente um sentido figurado, o que importa explicitar em ambos os casos.

 

[Texto 19 593]

Léxico: «lateralização»

Falta esta acepção da Fisiologia

 

      «Um dos pensamentos comuns, ainda assim, é de certas doenças serem mais prevalecentes entre os canhotos, nomeadamente doenças auto-imunes ou psiquiátricas. Por exemplo, em 2014, um grande estudo procurou analisar os resultados que tinham vindo a ser publicados sobre a taxa de destros ou canhotos com esquizofrenia: “Os pacientes têm, de facto, maior probabilidade de não ser destros”, lê-se. Ou também no autismo, com um nível mais elevado de pessoas com perturbação de espectro do autismo que não são destras, algo associado às características atípicas da “estrutura cerebral e à lateralização” destas pessoas, refere outro estudo de 2017» («Como se faz um canhoto? O que a ciência já sabe sobre o assunto», Tiago Ramalho, Público, 3.04.2024, p. 27).

 

[Texto 19 592]

Léxico: «mixolídio»

Dá-nos música

 

      «“Quando estudei piano, no convívio com a música clássica, dei-me conta da preponderância dos dois modos – maior e menor. No estudo do jazz tive logo contacto com outros modos, dórico, frígio, mixolídio... que deixaram um rasto em mim. Estão presentes na minha música, o que, antes, por não os ter conhecido nem estudado, não afetava a minha forma de compor. Foram ferramentas que adquiri através do jazz, embora este, em si, não esteja realmente presente”, diz Ana Lua Caiano» («Ana Lua Caiano chegou», João Lisboa, «Revista E»/Expresso, 22.03.2024, p. 62).

 

[Texto 19 591]