Linguagista

Ainda sobre o neuroma de Morton

      «Habituada a operações plásticas, a mulher de Felipe VI tem mostrado, porém, relutância em fazer uma cirurgia ao pé esquerdo para pôr fim ao sofrimento que já não esconde. A ex-jornalista divulgou, em 2022, que tinha sido diagnosticada com um neuroma de Morton e metatarsalgia crónica no pé esquerdo, um nódulo num nervo intermetatarsais, caracterizado por fibrose e desorganização das fibras nervosas, que causa dores fortes e muito desconforto» («Letizia de Espanha. Sofrimento por recusar cirurgia», Margarida Fonseca, Jornal de Notícias, 24.04.2024, p. 31).

[Texto 19 694]

Ou ainda a escreverão mal

      Raramente aponto o que vou ouvindo, sempre confiante na minha memória. Mas, por vezes, pode correr mal. Na semana passada, ouvi na rádio Filipe Vasconcelos Romão, comentador de política internacional da Antena 1 e da RTP, falar em «entidades subnacionais e subestatais».

[Texto 19 693]

Então digam-no

      «O metano é o segundo gás com efeito de estufa mais abundante gerado pelo homem a seguir ao dióxido de carbono. É 86 vezes mais poderoso do que o CO₂ em 20 anos na atmosfera» («A saber», Jornal de Notícias, 24.04.2024, p. 18).

[Texto 19 692]

Agora tudo em português

      «No entanto, estas ferramentas não devem ser vistas como entraves e sim como aliados. “Ao marginalizar a IA, só se vai criar um jogo do gato e do rato”, sublinhou Rodrigo Portela. O estudante crê que é necessária uma formação obrigatória para alunos e docentes, que “combata o gap geracional” e que “regule a utilização” das ferramentas. Para além disso, refere que as questões éticas devem ser introduzidas “mais cedo” para uma utilização mais ponderada dos recursos» («Nunca a ética foi tão essencial para lidar com a IA», João Jesus, Público, 23.04.2024, p. 14). Tendo em conta isto, eu apressar-me-ia a dicionarizar a expressão fosso geracional. Ainda ajudaria muitos estudantes e professores universitários.

[Texto 19 691]

Esse já era

      «E, entre os seus maiores trunfos, todas as condições para proporcionar a condução ao ar livre, independentemente da estação do ano, graças à inclusão, de série, dos sistemas Aircap e Airscarf: o primeiro é um sistema deflector de ar eléctrico, que tanto protege os ocupantes com um deflector atrás dos apoios de cabeça traseiros, como com um no pára-brisas, que faz com que o ar passe acima das cabeças dos ocupantes, melhorando significativamente o conforto a bordo, mas também garantindo um melhor comportamento aerodinâmico» («Mercedes-Benz CLE Cabrio quer ser um (bom) compromisso para todas as estações», Carla B. Ribeiro, Público, 24.04.2024, p. 39).

      É o deflector que está mais presente hoje em dia, mas os dicionários ainda apenas acolhem o termo do domínio militar, que designa uma peça de algumas armas de fogo destinada a encaminhar o invólucro na sua ejecção.

[Texto 19 690]

P. S.: Porto Editora, parece que ainda não viste nem te disseram que não se tem acesso aos verbetes de televigiar, mistanásia, mistanásico e colmeia-isco.