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Linguagista

Léxico: «biculturalidade»

O adjectivo já nós temos

 

      «“O português foi proibido no século XIX e provocou uma mudança importante. Houve famílias que continuaram a falar em casa e outras que não o fizeram, até porque havia represálias. Lembro-me de fazer uma viagem com o meu pai ao Alentejo, a Amareleja, e, de repente, ouço-o falar português, nunca o tinha ouvido. Não é uma questão política, é uma questão cultural. Defendemos a biculturalidade, as nossas origens, somos vizinhos”, reforça González Carrillo» («“O que fica da presença portuguesa é o património, a pedra, é o que resiste”», Céu Neves, Diário de Notícias, 16.01.2022, p. 11).

 

[Texto 19 783]

 

Léxico: «refuncionalização | refuncionalizar»

É o caminho certo

 

      «O presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, anunciou que espera inaugurar a Torre da Alfândega, no dia 24 de junho, quando se comemora a vitória das forças leais a D. Afonso Henriques, na Batalha de São Mamede, em 1128, feriado municipal. A chamada “refuncionalização” do edifício incluiu a demolição de uma estrutura construída pelos anteriores proprietários e a instalação de uma caixa de escadas em ferro que dará acesso a um terraço, de onde será possível ter uma vista privilegiada sobre a cidade» («Torre da Alfândega em Guimarães abre a 24 de junho», Rui Dias, Jornal de Notícias, 23.03.2024, p. 24). «Ivo Pereira Oliveira, investigador do Lab2PT da Universidade do Minho, considera que estas cabinas podem ganhar novos usos no espaço público e servir de área de preservação da memória ou de experimentação (ler entrevista). A comunidade, acredita, pode ter uma palavra a dizer nesta refuncionalização» («Cabinas telefónicas diminuíram de 17 400 para 10 mil em cinco anos», Zulay Costa, Jornal de Notícias, 31.03.2024, p. 24).

 

[Texto 19 782]

Léxico: «risografia»

Não é para rir

 

      «El método creativo de Schrauwen pasa, además de por buscar siempre inventivas maneras de incluir su alter ego en las historias, por recopilar bocetos en los cuadernos de notas que siempre lleva consigo e imprimir en risografía, una técnica casera muy extendida en la edición de fanzines» («Un monumento gráfico al aburrimiento», Borja Bas, El País, 23.03.2024, p. 40).

      Não tens esta, Porto Editora, mas apenas rizografia, o estudo ou descrição das raízes, quando risografia é uma técnica de impressão.

 

[Texto 19 781]

Léxico: «donário | domário | capelão-mor»

Mas existe

 

      «D. João IV (1604-1656) nasceu há 420 anos em Vila Viçosa, e foi o primeiro monarca da quarta dinastia, a de Bragança, após a retoma da soberania portuguesa com o fim dos três reinados espanhóis. Em 1640, o rei da Restauração tinha um batalhão de oficiais só para o serviço de mesa, com regras definidas e um disciplinado previsto para as diferentes situações, enumeradas em vários pontos num documento definido como “Cerimonial de Refeição”. [...] “Chegado S. Majestade à mesa, sairá a benzê-la o capelão-mor com dois capelães donários daquela semana”» («A mesa do rei da Restauração», Fortunato da Câmara, «Revista E»/Expresso, 19.04.2024, p. 75).

      Hum, mas donário significa «guarda-jóias; lugar onde se guardam jóias»... Assim são também alguns — demasiados — alunos, que nem sequer sabem copiar as palavras usadas no enunciado. É domário. Dá-se o caso de também não estar nos nossos dicionários.

 

[Texto 19 780]

Definição: «areias»

Vamos poupar-lhe esse trabalho

 

      As areias, diz a Porto Editora, são o «pequeno biscoito açucarado, de formato arredondado». E pronto, se o falante quer saber mais, que vá à Pastelaria Bijou. Como são típicas aqui de Cascais, permitam-me que diga mais alguma coisa. São, efectivamente, em formato de bolinha, e, como ingredientes, açúcar, o dobro do peso em farinha e gordura, habitualmente metade manteiga, metade banha. Quando acabadas de desenfornar, passam-se por açúcar (daí o aspecto que levou a darem-lhe o nome que têm) e, por vezes, canela.

 

[Texto 19 779]