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Linguagista

Léxico: «tomatada»

Mais uma pancada

 

      Em Buñol, Valência, sim, é a Tomatina no San Fermín, mas em Tarazona é o Cipotegato, também conhecido como Tomatada, outra batalha campal em que toda a gente atira com tomates contra os outros. Ora, tomatada também é, Porto Editora, o golpe feito com tomate, como cacetada é o golpe ou pancada feito com um cacete. Ah, e faltam acepções. Por exemplo: «Mal assentam o acampamento, as tias velhas começam a gritar com os putos para irem pôr protector solar, enquanto os homens começam a abrir a geleira e a tirar as caricas com os dentes. Muitos desses homens usam bigode, têm um panamá a tapar a careca e, claro, usam uma cuequinha de banho a mostrar o enchumaço da tomatada com os pêlos todos a brotar pelas virilhas, quais ervas daninhas em campo selvagem» (Chapadas à Padrasto, Guilherme Duarte. Lisboa: Cultura Editora, 2017, p. 21).

 

[Texto 19 893]

Léxico: «bioadesivo»

Já os podemos comprar

 

      «A investigadora Inês Ventura propõe-se criar um bioadesivo a partir de uma cola produzida naturalmente pelo ouriço-do-mar, divulgou hoje a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), onde trabalha» («Investigadora propõe-se criar bioadesivo a partir de cola produzida por ouriço-do-mar», RTP Notícias, 6.06.2024, 10h49). Bem, já há por aí à venda bioadesivos. É bem diferente desta outra invenção, com interesse pontual: «Com o Oceano e os seus “biotesouros” em risco, ambientalistas apelam à ação governativa» (Carla Tomás, Expresso Diário, 8.06.2024, 10h17).

 

[Texto 19 892]

Léxico: «oropouche»

Doença viral

 

      «Causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense, a febre oropouche é uma doença viral transmitida pelo mosquito maruim e pode causar surtos, especialmente em áreas tropicais e subtropicais. A doença, que tem sintomas semelhantes aos da dengue e da chikungunya, já tem casos confirmados em quatro cidades de Pernambuco: duas delas no Grande Recife (Jaboatão dos Guararapes e Moreno)» («Semelhante à dengue, febre oropouche chega a cidades do Grande Recife», Cinthya Leite, Jornal do Commercio, 7.06.2024, p. 20).

 

[Texto 19 890]

Léxico: «após-esqui»

Esta traduz-se

 

      «Os finais de tarde na Comporta vão ficar ainda mais animados. O Praia na Comporta está prestes a reabrir o seu “chalé après-ski” nas dunas da Praia do Pego. A partir das 19 horas, poderá descontrair com um aperitivo na mão enquanto assiste ao pôr do sol. [...] O bar nas dunas é tão encantador como peculiar, “um refúgio de montanha entre casas de praia”, descreve o grupo. Com um ambiente versátil e colorido, é o spot ideal para um copo ao final do dia — o famoso momento après-ski que se tornou indissociável das melhores estâncias de ski do mundo» («Os convívios après-ski a dois passos do mar estão de volta à Comporta», Catarina Simões, New in Town, 7.06.2024, 1h41).

      É das tais conjunções: apareceu-me na semana passada numa tradução (por acaso do francês, mas habitualmente usa-se a expressão francesa), e a solução encontrada — e que se encontra noutras traduções — foi traduzi-la, pois claro: após-esqui. Não é como a expressão crème de la crème, que eu uma vez avisei que não deviam traduzir e não fizeram caso; depois, numa recensão, foi mesmo com isso que o crítico literário embirrou. Tumba!

 

[Texto 19 889]