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Linguagista

Léxico: «nitazeno»

Enquanto não chega outro pior

 

      «O problema crescente dos opiáceos na Europa aparece com uma “ameaça emergente” denominada nitazenos (opioide sintético 40 vezes mais forte do que o fentanil e 140 vezes mais poderoso do que a morfina), que se expandiu por todo o mundo e que terá causado nos últimos quatro anos mais de 200 mortes» («Substâncias sintéticas mais potentes e novas drogas e consumos preocupam Europa», Rádio Renascença, 11.06.2024, 10h39).

 

[Texto 19 903]

Léxico: «(não) dar pé para»

Nem em «pé» nem em «dar»

 

      «Esteve pois para lhes dar pé para isso: veria o nome de Olinda arrastado na lama, e fá-la-ia pagar dessa forma onerosa o negar-se a abrir-lhe a porta» (Raquel e o Guerreiro, António Manuel Pires Cabral. Lisboa: Editorial Notícias, 1995, p. 202).

 

[Texto 19 902]

Definição: «neutrófilo»

Pode sempre dizer-se melhor

 

      «“Vimos que a proteína é capaz de conter esta infecção na zona abdominal. Nos ratinhos que não sobreviveram, a infecção não foi contida neste local tão eficientemente e isso desencadeou uma inflamação exagerada” — o que levou à morte dos animais —, afirma Liliana Oliveira [cientista do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto]. “No caso dos ratinhos tratados, a proteína foi dada de forma intravenosa e vimos que, mesmo deste modo, ela conseguiu aumentar o recrutamento dos neutrófilos — as células [um tipo de glóbulo branco] que, quando temos alguma infecção, são as primeiras a serem chamadas para esse local onde está a haver a infecção”» («Cientistas portugueses descobrem nova terapia para a sepsia», Filipa Almeida Mendes, Público, 11.06.2024, p. 26).

      Com a definição que lemos no dicionário da Porto Editora, não ficamos propriamente a saber a função, apenas as características — o menos relevante para o leigo que consulta o dicionário.

 

[Texto 19 901]

Definição: «sepsia»

Mais grave do que isso

 

      «A sepsia ou septicemia (do grego sépsis, putrefacção) — uma resposta extrema do sistema imunitário a uma infecção grave, que pode causar a falência dos órgãos e até a morte — é directamente responsável por quase 20% dos óbitos em todo o mundo, sendo a principal causa de morte em unidades de cuidados intensivos e a terceira em hospitais, de acordo com um comunicado do i3S» («Cientistas portugueses descobrem nova terapia para a sepsia», Filipa Almeida Mendes, Público, 11.06.2024, p. 26).

      A definição da Porto Editora não deixa ver bem a gravidade: «MEDICINA resposta inflamatória generalizada do organismo, normalmente provocada pela presença de agentes infecciosos na corrente sanguínea; sepsia, sepse». E é sepsia, sépsis, sepse e septicemia, ou não? Se é, tem de se dizer e pôr remissões mútuas em todos os verbetes.

 

[Texto 19 900]

Léxico: «sem ser ouvido nem achado | arranjaste-a bonita»

Ah, as variantes

 

      «A escritora recorda: “Na minha infância, os mais novos eram ensinados a obedecer, sem serem ouvidos nem achados nas decisões que lhes diziam respeito. Hoje, muito mudou, e estão a aprender, desde pequenos, o que é a democracia.” O livro integra a colecção Missão: Democracia, a celebrar os 50 anos do 25 de Abril de 1974» («Luísa Ducla Soares incentiva ao voto», Rita Pimenta, Público, 8.06.2024, p. 47).

      Sim, esta é uma variante, a outra é não ser tido nem achado, única que o dicionário da Porto Editora regista, embora num bilingue se encontre esta, sem ser ouvido nem achado. Enfim, falta sempre alguma coisa, não é? Passa-se exactamente o mesmo com o irónico fizeste-a bonita!/arranjaste-a bonita!, em que esta última só está num bilingue. Aliás, também se diz indiferentemente fizeste-a boa/fresca/linda.

 

[Texto 19 899]