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Linguagista

Léxico: «droga do riso | ácido nitroso»

Também coincidência

 

      «Um jovem de 23 anos foi detido pela PSP de Portimão na posse de haxixe, cocaína e sete botijas de óxido nitroso (droga do riso). Tinha ainda duas facas e dois telemóveis» («Portimão. Tinha facas e droga do riso», Correio da Manhã, 19.06.2024, p. 15).

      Por mero acaso: ontem, o ácido nítrico, HNO3; hoje, o ácido nitroso, HNO2. Mais uma vez, nos nossos dicionários a informação é a estritamente básica.

 

 

[Texto 19 944]

Léxico: «sala branca»

Mera coincidência

 

      «Le lieu a été choisi avec minutie. Dans un sous-sol très profond de la montagne Sainte-Geneviève, à deux pas du Panthéon (Paris 5e), la start-up française C12 a installé une salle blanche pour isoler au maximum des vibrations et des perturbations électromagnétiques les procédés de production de ses processeurs quantiques» («Quantique : le français C12 monte en puissance», Ingrid Vergara, Le Figaro, 20.06.2024, p. 24).

       Ontem, tortura branca; hoje, sala branca. Também as temos e usamos a designação — ou, pelo menos, os investigadores, em laboratórios de universidades.

 

[Texto 19 943]

Léxico: «tonho | tonhó»

Digam-me que estou a ver mal

 

      «Também serei um calmo homem casado, um solteiro invencível, um divorciado estranho, um brigão, um tonho» (O Tanatoperador, Manuel da Silva Ramos. Lisboa: Fenda, 1999, p. 160). Há anos e anos que uso e leio e ouço a palavra tonho e não está no dicionário da Porto Editora?! Isso é mau. E por estes dias fiquei a conhecer, ao rever uma magnífica tradução, a variante, porventura até mais expressiva, tonhó.

 

[Texto 19 942]

Léxico: «(um) canário na mina»

Enquanto é tempo

 

       «Il y a plus d’un siècle, les travailleurs des mines de charbons de Grande-Bretagne et de Belgique utilisaient le canari comme indicateur d’une accumulation dangereuse de monoxyde de carbone dans les boyaux. L’oiseau étant vingt fois plus sensible à ce gaz toxique, il montrait rapidement des signes de malaise dès que les concentrations atteignaient un seuil critique, laissant le temps aux mineurs de remonter avant de connaître une mort tragique. L’expression “ un canari dans la mine ” désigne d’ailleurs depuis un signe avant-coureur d’une catastrophe» («Les chiens, de potentielles sentinelles de la santé humaine», Élisa Doré, Le Figaro, 18.06.2024, p. 10).

      Se também usamos a expressão no seu sentido figurado, devemos, evidentemente, levá-la para os nossos dicionários. Se não a recolhermos, andará por aí e acabará eventualmente esquecida ou deturpada.

 

[Texto 19 941]

Tradução: «vigneron»

Parece que sim

 

      «Chamou-lhe “Vigneron, as nossas uvas, os nossos vinhos” e reúne um conjunto de vitivinicultores engarrafadores – tradução de vigneron – que dão corpo a um movimento que visa dar visibilidade a produtores que têm e seguem uma mesma filosofia. O racional por detrás da iniciativa é “criar perspetivas e caminho para poder crescer e sobretudo viver de uma atividade agrícola que é fundamental para o futuro do nosso país”» («Atividade: vigneron», Fernando Melo, Diário de Notícias, 20.06.2024, p. 29).

      O que significa que a definição de vigneron no bilingue da Porto Editora está errado.

 

[Texto 19 940]

Léxico: «bodas de porcelana» e mais umas quantas

São mais as que faltam

 

       «Presidente do F. C. Porto tem na mulher um dos principais pilares de estabilidade. Casal cumpriu ontem as bodas de porcelana. [...] Numa fase desafiante, após ter assumido a presidência do F. C. Porto, André Villas-Boas teve, ontem, bons motivos para celebrar, pois completou 20 anos de casamento com Joana de Ornelas Teixeira, que adotou o seu apelido» («Celebrados vinte anos de casamento com Joana», Sara Oliveira, Jornal de Notícias, 20.06.2024, p. 29).

       No dicionário da Porto Editora, só constam as tradicionais: bodas de prata, de ouro e de diamante. Só que andamos há anos a ver na imprensa, em especial na cor-de-rosa, referência a bodas de platina, pérola, rubi... E neste caso podemos confiar, a jornalista Sara Oliveira só não pesca nada de penhoras e matérias afins.

 

[Texto 19 939]

Como se escreve por aí

Pois, nota-se muito

 

      «Nuno Rebelo pode ser alvo de crime de desobediência» (Diário de Notícias, 20.06.2024, p. 9). O fecho da edição faz-se já tarde, bem sei, mas convém que comecem a dormir depois de escreverem os artigos, não antes.

 

[Texto 19 938]

Léxico: «transcriptoma»

Variante será

 

      «Através desta comparação biológica, a equipa criou “uma base de genes mais antigos associados à fertilidade e infertilidade masculina”, diz Joana Almeida [bolseira de investigação]. O estudo do mapa de instruções, ou transcriptoma, permitiu descobrir 161 genes que não estavam antes ligados à infertilidade e que podem ser relevantes para identificar causas genéticas deste problema de saúde — entre eles, o RNF-113 que Joana Almeida continua a estudar» («Onde encontrar genes da infertilidade? Para começar, em moscas e gorilas», Tiago Ramalho, Público, 17.06.2024, p. 30). A avaliar pelo que vou lendo, o que me parece é que tem de ser dicionarizado como variante de transcritoma.

 

[Texto 19 937]