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Linguagista

Léxico: «caixa-preta»

Só a cor é a mesma

 

       «Suspensão de perfis [nas plataformas digitais] por Moraes vira caixa-preta com exclusão de PF e PGR» (Matheus Teixeira, Folha de S. Paulo, 24.06.2024, p. A4). Só numa das acepções — atenção a isto, ⚠ — é sinónima da nossa caixa negra, mas os dicionários brasileiros registam três acepções. No caso do artigo, esta caixa-preta não é a nossa caixa negra.

 

[Texto 19 971]

Léxico: «correntão»

Pois, não temos

 

      «Ali, áreas protegidas por lei seguram o avanço do correntão (método de desmate em que uma corrente grossa é presa a dois tratores, que se deslocam em linha reta, arrancando as árvores pela raiz) sobre o cerrado. É o chamado Mosaico do Jalapão, conjunto de nove unidades de conservação, com quase 30 mil km², que se espalham por municípios de Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão» («Unidades de conservação são menos de 10% do cerrado», Jéssica Maes e Lalo de Almeida, Folha de S. Paulo, 24.06.2024, p. B4). O vocábulo correntão está registado como adjectivo e como substantivo no VOLP da Academia Brasileira de Letras.

 

[Texto 19 970]

Léxico: «etnoecologia | etnoecológico»

Só parecidos

 

      «Chega à mesa, para o pequeno-almoço, vestido com calças de ganga, T-shirt azul e sapatilhas. Um vestuário que nos ajuda imediatamente a ver as coisas na perspectiva correcta. De facto, demasiadas vezes, os mitos etnoecológicos e os estereótipos ocidentais permanecem nas nossas cabeças como líquenes numa rocha. Não podemos esquecer que um indígena continua a ser um indígena mesmo que use telemóvel, computador ou jogue futebol, como nos recorda uma valiosa campanha de sensibilização — “Menos preconceito, mais índio” — do Instituto Socioambiental (ISA) brasileiro, que este ano completa trinta anos» («O sonho do xamã», Paolo Moiola, Além-Mar, Julho/Agosto de 2024, p. 18).

 

[Texto 19 969]

Léxico: «farrapo»

Por Tutatis!

 

      «Eu queria um farrapinho de leite, por obséquio», pede um bravo bretão no intervalo das cinco da batalha com os Romanos para beber a sua água quente... É isto: farrapo não é apenas, como todos os dicionários afirmam, o pedaço, o fragmento de qualquer coisa. Se se tratar, como neste caso e em tantos outros, de uma bebida, já seria uma porção, termo aplicável tanto a sólidos como a líquidos. (Astérix entre os Bretões, René Gosciny e Albert Uderzo. Tradução de Catherine Labey e Maria José Magalhães Pereira. Alfragide: ASA II, 2023, 8.ª ed., p. 6).

 

[Texto 19 968]

Léxico: «(dentro das) quatro linhas»

Também nós o dizemos

 

      «Até que um dia, muito excitado, Gödel informou [Oskar] Morgenstern de que descobrira, com muito pesar, que a Constituição dos Estados Unidos contém contradições, e que sabia demonstrar como alguém poderia tornar-se um ditador e instalar um regime fascista no país, tudo “dentro das quatro linhas da Constituição”!» («Gödel e o nascimento das ditaduras», Marcelo Viana, Folha de S. Paulo, 26.06.2026, p. B10).

 

[Texto 19 967]

Léxico: «Haje | Hajj», de novo

Sim, de novo

 

      «A peregrinação anual a Meca terminou na quarta-feira, após cinco dias de rituais religiosos, marcados por altas temperaturas que chegaram a 51,8 graus Celsius» («EUA confirmam morte de “vários norte-americanos” em peregrinação a Meca», Rádio Renascença, 22.06.2024, 9h58). É relevante, de facto. Logo, eu diria assim: «RELIGIÃO peregrinação muçulmana a Meca (Arábia Saudita), que decorre durante cinco dias anualmente no último mês do calendário islâmico, Dulijá, considerada um dos cinco pilares do islamismo, devendo cada muçulmano realizá-la pelo menos uma vez na vida».

 

[Texto 19 966]