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Linguagista

Léxico: «paraciclo»

Lá prescindiram do inglês

 

      «A população já pode solicitar digitalmente a instalação de paraciclos para bicicletas no Recife. Os equipamentos, que funcionam como estacionamentos para bicicletas, podem ser pedidos pelo aplicativo Conecta Recife ou pelo site da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU)» («Ciclistas podem solicitar instalação de paraciclos para bicicletas no Recife», Roberta Soares, Jornal do Commercio, 28.06.2024, p. 25).

 

[Texto 19 994]

Léxico: «bem-haja | bem haja(m)»

Até um dia destes!

 

      A Professora Margarita Correia despediu-se ontem do seu espaço no Diário de Notícias. Que eu visse, nunca foi muito regular, mas é pena que o jornal acabe com a única rubrica que dedicava à língua, ainda que se debruçasse muitas vezes sobre aspectos que a mim menos interessam. Como foi também pena ter terminado com um erro: «Bem-hajam! Até um dia destes!» Devo ser quem mais corrige este erro em Portugal: todos os meses é mais de uma vez. Professora Margarita Correia, senhores jornalistas, só se escreve com hífen, bem-haja, a forma de cumprimento, equivalente a «obrigado»: «O meu bem-haja, Susana, por me ter chamado a atenção para o erro.» «O nosso bem-haja pelo apoio que nos têm dado ao longo do tempo.» Mas: «Bem hajam todos os democratas que decidiram juntar-se à minha causa.»

 

[Texto 19 992]

Léxico: «coitadismo | coitadista»

Uma filosofia

 

      «Romancista trans vai à Feira do Livro publicar novos trabalhos com paixão pro criar tramas e pavor do “coitadismo”. [...] Mais tarde, incomodada de ver o livro sendo lido apenas em chaves autobiográficas ou “coitadistas”, como se a única coisa que se pudesse sentir por essas pessoas fosse pena e negando sua capacidade de inventar personagens e situações, Sosa Villada decidiu escrever o segundo livro em uma chave que é radicalmente inversa» («Escritora Camila Sosa Villada se firma como voz literária imbatível», Alex Castro, Folha de S. Paulo, 29.06.2024, p. C4).

 

[Texto 19 991]

Léxico: «cataglótico»

Ela própria rebuscada

 

      «En inglés también se habla de cataglottism, procedente del griego y adaptado al español como cataglotismo, aunque los diccionarios de uno y otro idioma no lo registran. En otros tiempos los médicos llamaban catagloso al bajalenguas, el depresor lingual que empleaban en sus exámenes y en intervenciones quirúrgicas. En español, cataglotismo se usa más con el sentido de ‘uso de palabras rebuscadas’» («La ciencia del beso», Francisco Ríos, La Voz de Galicia, 29.06.2024, p. 13).

      O mesmo em português, para todas. Não vejo é o adjectivo cataglótico nos nossos dicionários.

 

[Texto 19 990]

Léxico: «traqueia»

Entre outros, dizem bem

 

      No mesmo episódio do programa Alguém Tem de o Fazer, na RTP1, falaram — José Pedro Vasconcelos estava na Just Dive, única escola portuguesa de mergulho profissional — de algum do equipamento necessário para fazer mergulho com cilindro, como o fato de mergulho, botas, barbatanas, capuz, garrafa de ar comprimido, colete equilibrador, traqueia (sempre do lado esquerdo), manómetro de pressão, regulador... Alto! Traqueia: então vamos à Decathlon e podemos comprar uma e não a encontramos nos dicionários?!

 

[Texto 19 989]

Léxico: «heliox | nitrox»

Pois estamos

 

      Então, no que respeita a misturas gasosas usadas em mergulho, os nossos dicionários nada nos dizem. De uma delas, o heliox, que é uma mistura que substitui o gás inerte azoto por hélio, também inerte, falaram no último Alguém Tem de o Fazer, na RTP1. Mas há mais, como o nitrox, uma combinação de oxigénio e azoto. Se continuarmos a manter arredados dos dicionários termos que se usam porventura todos os dias por este País fora, estamos bem tramados.

 

[Texto 19 988]