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Linguagista

As confusões de sempre e para sempre

Intimar e intimidar

 

      «E evidente que o livro de Mariana Jones é de uma simplicidade tal que não configura qualquer promoção da homossexualidade (e se promovesse? A minha geração cresceu com a promoção da heterossexualidade), mas apenas a sua descrição como algo que existe e é normal. Esta é uma discussão que podemos (e devemos, considerando a homofobia ainda presente no País) ter em Portugal. Coisa muito distinta é impedir apresentações de livros, intimar e ameaçar pessoas pelas ideias que expressam» («A propaganda da heterossexualidade e a promoção da tolerância», Leonor Caldeira, Sábado, 27.06.2024, p. 55).

      Mais vezes do que me parece normal, confunde-se intimar com intimidar — aqui com a agravante de a autora ser advogada. Lá porque à frente do Habeas Corpus está um ex-juiz não quer dizer que possam intimar seja quem for. E mesmo quanto a intimidar dependerá de quem eles escolherem como alvo. Em suma, zés-ninguém (indica o plural, Porto Editora) que são, destituídos do poder coercitivo do Estado, não podem intimar ninguém.

 

[Texto 19 999]

Léxico: «reprogramável»

Também o queremos

 

      «“O grande furor com este trabalho é que esta chave é reprogramável. Podemos substituir a sequência de reconhecimento por alguma sequência de reconhecimento homóloga”, acrescenta o português [José Bessa, investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto]» («Da tesoura às pontes. Novo método de edição genética em bactérias», Tiago Ramalho, Público, 27.06.2024, p. 31).

 

[Texto 19 998]

Definição: «fórceps»

Bem mais do que para isso

 

      O marido, contava ela, falecera depois de o médico que o operou se ter esquecido dos fórceps junto ao baço. Mas, atenção!, isto foi nos EUA, cá são infalíveis, nunca aconteceu nada assim. Para o dicionário da Porto Editora, e para outros (ou para todos?), o fórceps é ou para extrair o feto do útero ou para se agarrarem corpos estranhos que se querem extrair, e nada mais. Estão todos enganados. Uma definição relativamente sucinta, mas completa? Instrumento médico em forma de pinça, utilizado para segurar, manipular ou remover tecidos, objectos ou substâncias durante procedimentos cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos em diversas áreas da medicina, incluindo obstetrícia, cirurgia geral, odontologia e oftalmologia.

 

[Texto 19 997]

Léxico: «xambá | Xambás»

Mais um povo esquecido

 

      «No Brasil, há uma nação de pessoas que descendem diretamente do povo africano iorubá xambá. Eles vivem no Portão do Gelo, que é um quilombo urbano no bairro de São Benedito, em Olinda, no estado de Pernambuco» («Como vivem as crianças xambás, que aprendem a fazer música ao olhar os adultos», Adriana Amâncio, «Folhinha»/Folha de S. Paulo, 29.06.2024, p. 2).

 

[Texto 19 996]

Mais um banco

De esperma, de leite, de ossos...

 

      «Aos 28 anos tinha a visão comprometida em 90% devido à queratocone, doença que deforma as córneas. Ano e meio depois, Isabel foi chamada para fazer o transplante de que necessitava e para o qual estava inscrita no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. A cirurgia foi possível graças ao primeiro Banco de Córneas de Cultura em Portugal, criado pela equipa de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Porto» («Banco de córneas permite dar vida nova a Isabel», Marta Neves, Jornal de Notícias, 1.07.2024, p. 12).

 

[Texto 19 995]