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Linguagista

Como se escreve por aí

E que Deus nos valha

 

      «Há um mês e meio que os dias têm sido de descoberta na Herdade do Vale Feitoso, no concelho de Idanha-a-Nova, desde que a manada de oito bisontes-europeus se instalou naquela que é a maior propriedade privada do país, a sexta maior da Península Ibérica. Viajaram sobre rodas desde a Polónia, onde viviam em reservas naturais, para se tornarem guardiões dos 7500 hectares do Vale Feitoso, ao lado de milhares de outros animais, como os veados, os gamos, os corsos, os muflões ou os taurus» («Bisontes-europeus são os novos heróis no combate aos incêndios», Sara Gerivaz, Jornal de Notícias, 14.07.2024, p. 30).

      Com que então, corsos… Serão ainda primos afastados de Napoleão, não é, Sara Gerivaz? E palpita-me que podemos, com vantagem para todos, deslatinizar os simpáticos bovinos. São, deixe-me dizer aqui à Porto Editora, espécimes de uma raça nova chamada tauros, criada nos últimos anos pela Fundação Tauros, dos Países Baixos, com características específicas para poderem viver na Natureza sem precisarem de gestão humana, pudemos ler no ano passado no Público.

[Texto 20 058]

Léxico: «síndrome de Menkes»

Eu quero saber

 

      «Gonçalo Sequeira Jesus tinha ainda meses quando os pais começaram a notar um atraso naquilo que esperavam ser o seu desenvolvimento. “Os médicos disseram-nos que as crianças não fazem todas as coisas no mesmo timing, que ele era um bocadinho gordinho, o que também não o ajudava a movimentar-se”, recorda agora a mãe de Gonçalo, Mónica Jesus, quase 18 anos depois. Foi aos oito anos que Gonçalo conseguiu um diagnóstico — Síndrome de Menkes, uma doença genética caracterizada pela alteração do metabolismo do cobre. Não há cura, mas a toma de um medicamento ajuda nos sintomas e só o Laboratório Nacional do Medicamento (ou Laboratório Militar, situado nos Olivais, em Lisboa) o produz em território nacional» («Gonçalo nasceu com uma doença rara. O Laboratório Militar ajudou-o a chegar à adolescência», Daniela Carmo, Público, 12.07.2024, 21h43).

[Texto 20 057]

Léxico: «peste negra»

É bom conhecer a origem das coisas

 

      Já que peste negra até é um verbete independente, podia ser enriquecido com mais informação: «MEDICINA, HISTÓRIA designação atribuída à epidemia de peste que grassou na Europa no século XIV e que teve origem na região da cordilheira de Tião Chão, nos confins do Quirguistão, da China e do Cazaquistão, tendo dizimado cerca de um terço da população». Está provado: «En déferlant sur l’Europe au Moyen Âge, la Peste noire fut à l’origine de la pandémie la plus meurtrière de l’histoire de l’humanité, éradiquant près d’un tiers de sa population. Transmise à l’homme par les piqûres de puces porteuses de la bactérie Yersinia pestis et véhiculées notamment par les rats, cette maladie aurait trouvé son origine dans la région du massif de Tian Shan, aux confins du Kirghizstan, de la Chine et du Kazakhstan. Une étude publiée mercredi dans la revue Nature suggère toutefois que cette bactérie, apparue il y a plusieurs milliers d’années, pourrait avoir bien avant cela provoqué une autre épidémie et précipité le “déclin du Néolithique”» («La peste a-t-elle provoqué le “déclin des populations du Néolithique” en Europe?», Anne-Laure Frémont, Le Figaro, 12.07.2024, p. 11).

[Texto 20 056]

Léxico: «olho-de-poeta | amarelinha»

Ali para os Soeiros

 

      Fernando Alves, no último episódio de Tão Longe, Tão Perto, na Antena 1, esteve na Rua General José Celestino da Silva, perpendicular à Rua dos Soeiros, onde Anabela Santos, enfermeira no Hospital de Santa Maria, criou, num declive que ali há, um jardim onde antes só havia entulho. Fernando Alves, entre hortênsias, crisântemos, lírios-da-paz, etc., ficou especialmente cativado por umas flores de uma trepadeira, de nome olho-de-poeta (Thunbergia alata). É também conhecida por amarelinha, que a Porto Editora define assim vagamente: «BOTÂNICA trepadeira silvestre, de flores amarelas».

[Texto 20 055]

Léxico: «odrísio | Odrísios»

Mais da Antiguidade clássica

 

      «Mas vou-te responder em atenção a este jovem odrísio, para que saiba quem vós sois e quem nós somos» (A Retirada dos Dez Mil, Xenofonte. Tradução de Aquilino Ribeiro. Lisboa: Livraria Bertrand, 1960, p. 363). O reino Odrísio era constituído por um conjunto de tribos trácias. Está em não poucas obras em língua portuguesa, e encontro-o — mais um de que não se esqueceram — no VOLP da Academia Brasileira de Letras.

[Texto 20 054]

Léxico: «cícone | Cícones»

Se o querem homenagear...

 

      Camões alude aos Cícones no Canto V dos Lusíadas, mas, passados quase 500 anos, ainda não chegaram aos nossos dicionários. Estão, porém, no VOLP da Academia Brasileira de Letras. «Dêem-lhe mais navegar à vela e remos/ Os Cicones». São os antigos, e lendários, habitantes da Trácia, inimigos, segundo a épica homérica, dos Troianos. Ulisses, no regresso a Tróia, destruiu-lhes a capital, Ismara, mas depois os Cícones, num contra-ataque, obrigaram-no a fugir, matando 72 dos seus companheiros. Iam buscar lã, foram tosquiados.

[Texto 20 053]