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Linguagista

Etimologia: «sionismo»

Sem nada omitir

 

      Sionismo, diz a Porto Editora, é o «movimento nacionalista judeu, de carácter político e religioso, que tinha por objectivo a criação de um Estado judaico independente na Palestina e que resultou na fundação, em 1948, do Estado de Israel». Então, se o Estado é judaico, como é que o movimento é judeu? É tudo judaico, é claro. A nota etimológica simplesmente oblitera informação crucial: talvez nós tenhamos recebido o termo do francês, mas esta língua e outras receberam-no do alemão Zionismus, cuja primeira ocorrência foi atestada em 1882 na obra Selbstemancipation, de Matthias Acher, pseudónimo do judeu austro-húngaro Nathan Birnbaum (1864-1937).

[Texto 20 130]

Léxico: «píton | píton-indiano | píton-reticulado»

Não é o que vejo

 

      «Um homem de 49 anos foi identificado pela GNR por detenção proibida de espécies perigosas, no concelho de Peniche. Tinha na sua posse um exemplar de espécie perigosa piton-reticulada, da família Pythonida, e um exemplar de espécie perigosa piton-indiana, da mesma família. As pítons foram apreendidas e entregues no Parque Zoológico de Lagos» («Arrisca coima até 200 mil euros por ter pítons perigosas em casa», Jornal de Notícias, 30.07.2024, p. 14). Há-de ser a grafia mais comummente usada, mas a Porto Editora finge que só existe pitão. Corrijo: na imprensa, nunca se usa outra. Contudo, nos bilingues, a Porto Editora escorrega e admite que, sim senhor, píton existe. Mas que não falte a indicação do duplo plural — pítons, mais intuitivo, e pítones, mais etimológico —, porque isto de dar erros não é exclusivo dos agentes da autoridade quando escrevem autos.

[Texto 20 129]