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Linguagista

Erros de sempre e para sempre

Ortografia tremida

 

      «A Mafalda acordou-me com gentileza: a casameu, achutemoto. Seria o bebé a bolsar, o bebé com alguma dor? Mas o bebé não bolsa, o bebé dorme, o bebé não chora – é um bebé sem exigências de bebé. Tirei os tampões dos ouvidos, a Mafalda repetiu: a casa tremeu, acho que foi um terramoto» («O pequeno terramoto de Lisboa, um relato de sobrevivência», Afonso Reis Cabral, Jornal de Notícias, 28.08.2024, p. 2).

      Quem é que, em pleno estremeção sísmico — eu também acordei, embora pensasse que não passava de um pesadelo —, em plena confusão, vai ponderar ou averiguar se se escreve «bolsar» ou «bolçar»? Ah, pois, ninguém. Já se fosse uma crónica escrita dois dias depois, isso seria diferente.

[Texto 20 173]

Léxico: «guarda-vidas»

Parece-me que não

 

      «Um após se afogar na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, nas proximidades do Segundo Jardim. De acordo com testemunhas, a vítima entrou no mar e foi se afastando aos poucos da margem. E, no trecho onde ocorreu o afogamento, não havia guarda-vidas e o socorro demorou a chegar» («Homem morre após afogamento na praia de Boa Viagem», Cinthia Ferreira, Jornal do Commercio, 26.08.2024, p.  16). Não sei se em Portugal se tem mesmo a noção de toda esta diversidade lexical.

[Texto 20 172]