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Linguagista

Sobre o nome das religiões

Mas que raio...

 

      «O Parque Arqueológico do Coliseu confirmou que o monumento do século IV d.C. foi atingido por um relâmpago. O arco, com 25 metros de altura, foi construído para celebrar a vitória de Constantino — o primeiro imperador romano a converter-se ao Cristianismo — sobre o seu rival, Marcus Aurelius Valerius Maxentius Augustus» («Arco romano de Constantino danificado por raio durante tempestade», Marta Pedreira Mixão, Rádio Renascença, 3.09.2024, 23h12).

      A brincar (mas não muito), costumo dizer que só os ateus é que escrevem os nomes das religiões com maiúscula inicial. O que pretendo fazer ver é que, num país maioritariamente católico, só uma minoria, entre a qual me incluo, escreve assim. Claro que se aplica a todas as religiões. Querem ver que não é dos tais conceitos elevados? Não, agora um dos conceitos elevados é «Inteligência Artificial». Cambada... (A propósito de raio, Marta Pedreira Mixão, por que raio escreveu o nome do imperador em latim? A notícia não está toda em português? É Marco Aurélio Valério Maxêncio Augusto.)

[Texto 20 185]

Léxico: «Três-Novidades | Romana | Dona-Marta»

Uma casta, muitos nomes

 

      «Se corrermos a serra algarvia e perguntarmos pela Heptakilo ninguém faz ideia do que se trata. Mas se falarmos numa uva chamada Três Novidades já podemos ter sorte. Em Tavira e Portimão, também há quem a conheça como Romana e Dona Marta. Na estação ampelográfica de Tavira há três videiras de Dona Marta, três de Romana e três de Três Novidades. A olho nu, a casta é seguramente a mesma, mas, como no local onde foi descoberta tinha nomes diferentes, os serviços regionais de Agricultura optaram por preservá-la em separado» («Em busca da Heptakilo, uma das castas míticas do mundo», Pedro Garcias, «Fugas»/Público, 25.11.2023, p. 14). Bem, sendo assim, creio que não podemos deixar de levar também a Heptakilo para o dicionário. Ainda neste artigo: «Do que se conhece, a Heptakilo veio do Oriente e é cultivada na Grécia desde pelo menos o século XI, com dezenas de sinónimos diferentes. Pelas uvas que ainda podemos provar na Estação Ampelográfica de Tavira, é uma casta tinta de pele rija, de bago relativamente grande e que deve dar um vinho de pouca cor.»

[Texto 20 184]

Léxico: «pulo do gato»

Mas temos de ficar a conhecer

 

      «Analisando mais de 50 mil chamados de dez saguis, pertencentes a três grupos familiares diferentes, os pesquisadores de Israel detectaram variações sutis na estrutura sonora dos assovios após gravar interações entre diferentes pares de membros desses grupos. Depois, veio o pulo-do-gato (ou, quiçá, do mico) no experimento: eles tocaram gravações desses chamados para os macacos. Mas, em certas circunstâncias, o chamado reproduzido tinha sido emitido, de fato, por um sagui que tinha interagido de verdade com o receptor; em outras, o chamado fora usado originalmente com outro indivíduo» («Saguis de subúrbio e a magia dos nomes», Reinaldo José Lopes, Folha de S. Paulo, 1.09.2024, p. A68).

      O que se vê é como locução, como no Michaelis: «Pulo do gato: a) recurso para se esquivar de uma situação que parece difícil de ser solucionada; b) Cap movimento em que o capoeirista salta para trás, apoiando-se nas mãos e completando o movimento com o giro sobre a cabeça; c) artifício que alguém guarda para si, para se livrar de alguma situação difícil ou complicada.»

[Texto 20 183]

Léxico: «mico-estrela | sagui-de-tufo-branco»

Mais animaizinhos

 

      «Bem, não se depender de um grupo de pesquisadores israelenses, que estudaram as vocalizações do bicho num estudo que saiu nesta semana. Repare, aliás, que não se trata nem de algum tipo muito especial de pequeno primata, mas do ordinaríssimo mico-estrela ou sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus)» («Saguis de subúrbio e a magia dos nomes», Reinaldo José Lopes, Folha de S. Paulo, 1.09.2024, p. A68, itálicos meus).

[Texto 20 182]