Linguagista

Até hoje

      De quando em quando, leio referências à linguagem que Heidegger chamava objectificante (objektivierend), mas depois acabo por me esquecer de a propor para dicionarização, até hoje, até agora, em que, mais uma vez, me apareceu aqui num romance.

[Texto 20 236]

Por analogia

      «A origem do conceito de “Escola Normal” remonta, de facto, a França, onde a École Normale Supérieure foi criada em 1794 para formar professores seguindo um modelo-padrão.» Como é que escreve isso? «Isso o quê?» Modelo-padrão. «Com hífen, é claro. Como “desvio-padrão”, por exemplo.»

[Texto 20 235]

O habitual

      E em psicologia não se fala em primação, e mais especificamente em primação afectiva e primação cognitiva? Claro que sim, logo, tem de ser dicionarizado, ou ainda alguém acredita que é melhor em inglês, priming.

[Texto 20 234]

Há sempre esperança

      «Herpetólogos e activistas no Equador têm usado as redescobertas de anfíbios para enfrentar as principais ameaças à biodiversidade do país. Em 2019, por exemplo, várias ONGs de conservação e comunidades no norte do Equador fizeram do Atelopus longirostris (uma espécie de rã arlequim redescoberta após 30 anos) o símbolo da sua batalha contra as concessões mineiras concedidas pelo Estado à empresa chilena CODELCO e à empresa mineira nacional Enami EP» («Uma das rãs mais raras do mundo é redescoberta no Equador», Humberto Basilio, National Geographic Portugal, 13.09.2024, 00h17). Não ver a National Geographic conspurcada pelo Acordo Ortográfico também é fonte de grande prazer e esperança.

[Texto 20 233]

E a etimologia, Porto Editora?

      Estava aqui a pensar se não devíamos já considerar o termo edamame, de origem japonesa (resultante da transliteração dos caracteres japoneses 枝豆; em japonês, o vocábulo é composto por dois caracteres: 枝 (eda), que significa «ramo» ou «haste», e 豆 (mame), que significa «feijão». Literalmente, edamame refere-se a «feijão no ramo» ou «feijão na haste», pois tradicionalmente as vagens de soja eram cozinhadas e servidas ainda presas ao ramo), naturalizado português, até pela sua pluralização de acordo com a nossa língua, além da forma como o pronunciamos. Pensem nisto.

[Texto 20 232]

Para reunir a família

      «Neste âmbito, interessa perceber se e quando a diversidade cultural se combina com tendências gentrificadoras e os estilos de vida dos gentificadores (Ley, 1994)?» (Diversidades, Espaço e Migrações na Cidade Empreendedora, Maria Manuela Mendes, ‎Nuno Oliveira, ‎José Mapril (orgs.). Lisboa: Observatório das Migrações, 2020, p. 24).

[Texto 20 231]