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Linguagista

Léxico: «tirar um sarro»

Metade está feito

 

      «Também há vídeo do humorista Marcelo Marrom pedindo o dinheiro de volta após se sentir enganado pelo dito ex-coach. Pura tiração de sarro: o mesmo vendedor de cursos que ensinam a levar a melhor em embates corporais com tubarões e onças apanhou de “um senhorzinho gordinho de cabelo branco”, zomba» («Cadeirada em Marçal vira ‘cai-cai’ de Neymar e municia desafetos da direita», Anna Virginia Balloussier, Folha de S. Paulo, 17.09.2024, p. A10).

      Sim, Porto Editora, tens este sarroBrasil coloquial gozo, deboche, zombaria»), mas não tirar um sarro.

 

[Texto 20 247]

Evasão, fuga e crime

Opções do legislador

 

      «A viatura acabou por ser imobilizada na Rua de Sendim, em Matosinhos, e os seus ocupantes, dois homens de 18 e 33 anos e familiares do cidadão que era transportado, foram detidos pelo crime de tirada de preso» («Familiares de preso tentam abalroar carrinha celular», César Castro, Jornal de Notícias, 13.09.2024, p. 13). Nunca se vê, mas está certo: existe mesmo o crime de tirada de presos. (Como também há a tirada da cortiça.) Se calhar devíamos ler mais o Código Penal. E também é interessante que a opção do legislador não seja penalizar em si a fuga da prisão, o que leva a que não haja agravamento de pena por fuga, mas estatuir o crime autónomo de evasão, o que tem consequências de que não vou aqui hoje falar, até porque tenho de ir às 9h30 levar o carro à oficina para mudar os pneus. Vou ver se os Michelin CrossClimate 2 são assim tão bons.

[Texto 20 246]

Cadeirada, banquetada...

O móvel da discórdia

 

      «Nada disso justifica a banquetada, e Datena deveria ser o primeiro a reconhecê-lo. Mas não: em nota nesta segunda-feira (16), embora tenha admitido o erro, ele afirmou não se arrepender do ataque perpetrado contra o autointitulado ex-coach» («Ataque de Datena a Marçal é péssimo exemplo na política», editorial, Folha de S. Paulo, 17.09.2024, p. A4).

      É termo que não encontramos nos dicionários, nem é preciso. No mesmo jornal, um pouco mais à frente, noutro artigo, a certeza já era outra: «A cadeirada no debate aconteceu depois de uma sequência de discussões. O candidato do PRTB provocou o apresentador nos blocos anteriores ao resgatar uma denúncia de assédio sexual contra Datena e chegou o chamá-lo de “jack”, termo usado nos presídios para identificar acusados de estupro» («Datena mantém candidatura, diz que não se arrepende e justifica agressão a Marçal», Victória Cócolo, Folha de S. Paulo, 17.09.2024, p. A13). Ou ainda não decidiram: «O móvel arremessado pelo candidato José Luiz Datena (PSDB) no adversário Pablo Marçal (PRTB), em cena que viralizou como uma “cadeirada”, é, na verdade, uma banqueta» («Cadeira é, na verdade, banqueta, pesa 5,5 kg e custa R$ 400 no Pix», I. M., Folha de S. Paulo, 17.09.2024, p. A14). Os dicionários, incluindo os brasileiros, não dizem que banqueta é o banco pequeno e sem encosto? Não é o que vejo aqui.

 

[Texto 20 244]

 

P. S.: Reparem no termo usado nos presídios brasileiros para identificar os acusados de estupro — jack.

 

Léxico: «protocélula»

A célula ancestral

 

      «A vida hoje existe como células, que são sacos cheios de DNA, RNA, proteínas e outras moléculas. Mas, quando a vida surgiu há cerca de 4 bilhões de anos, as células eram muito mais simples. Alguns cientistas investigaram como as chamadas protocélulas surgiram pela primeira vez, tentando recriá-las em laboratórios» («Chuva pode ser origem das células no planeta», Carl Zimmer, Folha de S. Paulo, 28.08.2024, p. B5).

 

[Texto 20 243]