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Linguagista

Léxico: «sexualizante»

Que sexualiza

 

       «Nesta perspetiva, o que seria somente uma atitude descabida, de atrevimento e falta de modos, é um forte ataque à liberdade sexual de uma mulher! O que legitima a pergunta: onde estava o ambiente sexual/sexualizante?» («Um beijo milionário», Maria José Fernandes [procuradora-geral-adjunta], Público, 7.09.2023, p. 8).

[Texto 20 264]

Léxico: «príncipe da Igreja»

Desde o século XIII

 

      «Os primeiros cardeais da Papua-Nova Guiné (John Ribat), Timor-Leste (Virgílio do Carmo da Silva) e Singapura (William Goh Seng Chye) foram nomeados por Francisco. Hoje, a Ásia tem 21 príncipes da Igreja de um total de 124 com direito a voto no conclave que há-de escolher o sucessor do argentino Jorge Mario Bergoglio» («Números de uma odisseia»,  Margarida Santos Lopes, Além-Mar, Outubro de 2024, p. 42). Foi com Bonifácio VIII, cujo pontificado decorreu entre 1294 e 1303, que os cardeais passaram a ter o título de príncipes da Igreja. Como não está em todos os dicionários, podem dar-se deslizes e dizerem-se parvoíces.

[Texto 20 263]

Léxico: «sologamia»

Só, nos bons e nos maus momentos

 

      «O casamento da espanhola Vanessa Garcia consigo mesma foi noticiado pela imprensa como pitoresco “fait divers”, isto é, como evento insólito que se desvia das normas naturais ou culturais. Essa expressão francesa, corrente no jornalismo do século passado, caiu em certo desuso, mas não sua aplicação conceitual a fenômenos semelhantes» («‘Enfim só’ é voto secreto da sologamia», Muniz Sodré, Folha de S. Paulo, 8.09.2024, p. A3).

[Texto 20 262]

Léxico: «comissário-chefe»

A par do geral e do adjunto

 

     «“Foi um homicídio absolutamente horrível e frenético, com vários esfaqueamentos”, disse o comissário-chefe da polícia de Victoria, Shane Patton, acrescentando que o crime, conhecido como os assassinatos de Easey Street, é o caso arquivado mais longo e grave do estado. O suspeito, um cidadão com dupla nacionalidade greco-australiana, vivia na Grécia» («Detido por ter matado duas mulheres em 1977», Jornal de Notícias, 22.09.2024, p. 52).

[Texto 20 261]

Léxico: «tupiar»

Um país enganado

 

      Todos os nossos dicionários registam que o verbo topiar é usado em Angola e significa «gracejar, troçar». Portanto, não nos serve, não é para nós. O que está a ser descurado é que também temos e usamos (mal, como já demonstrarei) o verbo topiar, mas noutra acepção: de norte a sul, nos editais para concursos nas câmaras municipais, e também no Diário da República, aparecem com frequência as atribuições dos carpinteiros de limpos, entre as quais se encontra a de «serrar e topiar as peças, desengrossando-as». Ora, referindo-se ao uso da ferramenta eléctrica chamada tupia, evidente se torna que o verbo será tupiar. Se não for dicionarizado, o disparate vai perpetuar-se, porque as pessoas não estão acostumadas a pensar.

[Texto 20 260]