Léxico: «quefir | xiaohe | Xiaohes»
Afinal, também da China
«Qiaomei Fu e os seus colegas conseguiram ainda recuperar o ADN de microrganismos presentes nas amostras de leite e confirmaram que as substâncias brancas eram, então, queijo kefir. Isto porque as amostras continham espécies de bactérias e leveduras, incluindo de Lactobacillus kefiranofaciens e de Pichia kudriavzevii, ambas normalmente encontradas nos actuais grãos de kefir — culturas simbióticas que contêm múltiplas espécies de bactérias probióticas e leveduras, que fermentam o leite e o transformam em queijo kefir» («O queijo mais antigo do mundo foi encontrado em múmias na China com mais de 3500 anos», Filipa Almeida Mendes, Público, 26.09.2024, p. 28).
Nem sei como se pode optar por kefir quando se tem quefir, mas vamos ao que mais interessa agora: os dicionários, em quefir, não mencionam nenhuns grãos. Bem sei que não são grãos no sentido de cereais, mas sim colónias de microrganismos que se assemelham a pequenos flocos brancos ou amarelos, mas creio que teria de ser referido na definição. São estes grãos que, acrescentados ao leite (ou água ou leite de coco), onde fermentam os açúcares, vão contribuir para se obter uma bebida rica em probióticos e outros compostos benéficos. Quanto a ser originário do Cáucaso, a certeza já é outra: «A equipa descobriu que a Lactobacillus kefiranofaciens nas amostras de queijo antigo estava mais relacionada com o grupo de bactérias do Tibete, contrapondo a crença de longa data de que o kefir era originário apenas da região montanhosa do Cáucaso do Norte, na actual Rússia» (idem, ibidem). Os restos de queijo estavam junto às múmias, datadas da Idade do Bronze, entre há cerca de 3300 e 3600 anos, encontradas no cemitério do povo xiaohe, na bacia do Tarim, na China.
[Texto 20 290]